domingo, 16 de novembro de 2008

Bastidores: siga aquele cara!

por Lucíola Limaverde

"Por falta de um grito se perde uma boiada."
(Minha mãe)

Não tínhamos credenciais, não tínhamos crachás de grandes empresas de Comunicação, não tínhamos permissão para estar lá, não tínhamos porra nenhuma: apenas a firmeza de quem sai de casa às 13 horas de um sábado para tentar uma entrevista com chances monstras de não dar certo. Tínhamos também a certeza de que deveríamos olhar nos olhos e responder com postura a qualquer abordagem dos recepcionistas e seguranças do hotel.

E não tardou para que usássemos essa última: depois de passar por cerca de 20 ou 25 fãs que esperavam do lado de fora do hotel, entramos pela porta giratória e sentamos no sofá da recepção. "E agora?", perguntei para a Débora. "A gente fica aqui e espera eternamente até eles descerem?". Precisávamos de um plano melhor, pois o segurança de terno já passava por nós na tentativa de ouvir nossa conversa. Veio a idéia: Débora telefona pro Alan pedindo pra ele ligar para a recepção e perguntar pelo Marco Hietala (aparentemente o mais simpático e amigável da banda), solicitando em seguida que a recepcionista passasse a ligação pro quarto dele (santa inocência!). Quando o baixista atendesse (o que eu mais gosto na gente é essa filosofia bob-marleyana de que "every little thing's gonna be alright"), Alan explicaria em inglês que duas estudantes de Jornalismo estavam na recepção e queriam uma palavrinha rápida com ele.

"Mas Débora, fala em alemão, esse povo todo aqui entende inglês". Falar naquele idioma era uma arma dupla: além de não permitir que o pessoal do hotel nos entendesse, isso talvez conseguisse impor mais respeito e levantar menos suspeitas sobre a gente. Mas como ninguém consegue falar alemão sem gritar e sem parecer que está brigando (rs), em pouco a Débora já estava fazendo com que todo o hotel parasse pra olhar pra ela: a única voz do saguão conversando alto naquela língua estranha, e eu torcendo pra que realmente ninguém mais soubesse alemão por ali.

Durante a ligação, um segurança aborda a gente. "Vocês estão esperando alguém?" Só um minuto, estamos num telefonema. Ele fica por ali, e eu já preocupada. Débora desliga o telefone, começamos a falar baixinho em inglês durante um tempo, combinando os próximos passos. Mais uma vez o segurança vem. "Vocês estão esperando alguém?" E eu, tentando parecer o mais lady possível, pergunto num tom quase ofendido mas altivo, olhando bem pro homem: "Tem algum problema ficarmos aqui?". E ele desconfiado: "Vocês não são fãs não, né? Não tão ligando pra mais gente vir, estão?". Falar a verdade: "Nós somos estudantes de Jornalismo, viemos entrevistar a banda", disse eu num tom extremamente polido, derrubando por terra toda a minha postura ao sacar do bolso minha carteirinha de estudante surrada guardada num daqueles porta-carteiras de plástico fulerage (mas super-úteis pra não quebrar a carteirinha no bolso, gente). "Tá aqui, Comunicação Social - UFC". E a Débora, prevenida, abre a pasta com o portfólio do curso e mostra o mais recente número do Jabá: "É pra esse jornal aqui, ó". O segurança nos olha, tá, fiquem à vontade. YES! Agora era só esperar o Alan chegar em casa de um almoço fora (será que ele ainda demoraria?) e ligar para a recepção.

Depois de um tempo, enquanto combinávamos algumas perguntas em inglês, o elevador se abre: o guitarrista Emppu sai e simplesmente se senta num sofá atrás da gente. "Débora, puta que pariu, é ele, e agora?" Agora vamos lá, né, respira, telefona pro Alan pedindo pra cancelar a ligação. Um, dois, três.

Apresentação. O Emppu, tímido, aparenta não gostar de burburinhos com imprensa: "Entrevista só com o Tuomas, ele tá descendo pro almoço". Putz! Nessa hora de frio na barriga me chega a lembrança de que eu tinha comido só duas bananas antes de sair de casa às pressas. Com o estômago embrulhado de emoção e fome, puxamos uma conversa off-the-record sobre a turnê, cerveja, bons lugares para comer em Fortaleza, expectativas para o show. Elevador abre: Tuomas, tecladista e líder da banda, acompanhado pelo baterista Jukka.

Os três trocam palavras em finlandês e saem em direção ao restaurante do hotel. "FOLLOW THEM!", conclamou Débora sem me deixar dúvidas sobre o que fazer. Emppu e Jukka andando na frente, logo foram abordados por uns cinco fãs que esperavam discretamente numa mesa perto do restaurante. Tuomas puxa os óculos escuros, mais reservado, e começa a andar devagar. É o bote. "Tuomas, somos estudantes de Jornalismo, uma palavrinha pro nosso jornal..." Tudo bem. A entrevista começa, gravador ligado - que acabou desligando sozinho segundos depois, nos fazendo conseguir só a metade final da entrevista.

Depois de uma quase cena de choro por ter perdido as melhores perguntas da entrevista, o boicote da tecnologia acabou sendo superado: aconteceu só pra não dizer que foi tudo perfeito mesmo.

Bastidores: da arte de chegar chegando

por Débora Medeiros

Eu estava entrando na coletiva com o reitor Jesualdo Farias quando recebi a primeira ligação da Lucíola: "Tu tá podendo falar agora? Tenho uma proposta pra ti." A imprensa cearense já se acomodava toda no gabinete do reitor e, apesar de curiosa pra saber o que era a tal proposta, pedi pra ela ligar mais tarde. Descubro na hora do almoço: "Que que tu acha de a gente fazer uma entrevista exclusiva com o Nightwish pro Jabá?" Iríamos atrás dos contatos dos produtores locais da Empire, empresa responsável pela vinda da banda a Fortaleza. Conversaríamos com eles pra ver se era possível. Não hesitei: "Claro! Vamos nos encontrar pra combinar!" A coletiva do reitor tinha sido um sucesso de cobertura em tempo real pro blog (modéstia à parte, havíamos "apenas" dado um furo em todos os veículos de comunicação presentes, hehe) e a equipe inteira ainda estava eufórica. Não poderia haver melhor momento para embarcar em mais uma empreitada típica do Jabá.

Marcamos uma reunião com um dos produtores, que nos passou o contato da assessora de imprensa local. Muito solícita, ela nos disse que ia conversar com a direção nacional do show pra ver se rolava uma participação nossa em coletiva. Na sexta-feira à noite, véspera do show da banda, vimos juntas o e-mail fatídico, avisando que o credenciamento não havia sido aprovado. Nessa hora, quase desistimos, achando que ia ser difícil chegar à banda, já que o acesso à imprensa não era facilitado.

O dia do show chega e nada de encontrarmos uma alternativa aos canais oficiais. Mas jornalista é bicho nojento, e eis que, em pleno sábado de manhã, Lucíola descobre onde eles estão hospedados. Continuava sendo algo incerto, mas nos lembramos das lições do mestre Agostinho Gósson, professor do curso de Comunicação Social da UFC, e decidimos: ficar em casa porque pode dar errado é que não dá, quem não arrisca não petisca! Era meio-dia: foi só o tempo de arrumar o equipamento pra entrevista e partir pra lá com a cara e a coragem. Ah, e caprichamos no visual, pra ficar com cara de jornalistas profissionais e entrar no saguão do hotel sem causar alarde, o que conseguimos na cara-de-pau mesmo!

Já passava das 14h quando sentamos quietinhas no sofá, nos articulando por telefone com nosso editor, Alan Santiago, e esperando que algo acontecesse. Pelas nossas contas, a banda deixaria o hotel para ir passar o som no Arena, o que provavelmente deveria acontecer no final da tarde - talvez até só à noite. O problema mesmo era saber se iriamos durar tanto tempo ali no saguão, já que a equipe do hotel não parava de nos lançar olhares cheios de suspeita. No fim das contas, metaleiro é metaleiro não importa de que forma esteja vestido, o jeito não mente.

Acho até que foi um pouco por isso que reconhecemos tão facilmente o guitarrista Emppu Vuorinen, logo que ele desceu do elevador e se sentou num sofá atrás de nós, fingindo não perceber que o observávamos com o rabo do olho. Não demorou muito até tomarmos coragem e irmos puxar conversa com ele. Nada de entrevistas: "Isso é só com o Tuomas," ele foi logo avisando, assim que nos apresentamos como repórteres do Jabá. Mas Emppu não se recusou a papear conosco sobre os temas mais variados, da cerveja ao preço do sushi. O guitarrista admitiu estar morrendo de fome, eles estavam saindo para almoçar: "O Tuomas disse que tem uma pizzaria aqui perto".

Foi só falar nele e nosso entrevistado apareceu, junto com o baterista Jukka Nevalainen. Antes que os poucos fãs que também haviam conseguido penetrar o saguão chegassem a ele, nos apresentamos e puxamos Tuomas de lado para uma breve entrevista: "Não vai levar mais que cinco minutinhos", prometi. Comecei a arrumar nervosamente o gravador, mas desisti quando vi que o da Lucíola já estava ligado e parti para a primeira pergunta – não dava pra fazer as duas coisas ao mesmo tempo: ou eu olhava nos olhos do homem ou mexia no bendito aparelho; talvez, se tivesse desistido do contato visual, teríamos a entrevista toda, mas isso é outra história.

O fato é que a conversa durou bem mais que cinco minutos. A certa altura, perguntamos: "Você já tem de ir?" E Tuomas balançou a cabeça, tranqüilo: "Não, tudo bem." Ao final, ainda topou tirar fotos conosco e autografar nossos CDs, além de esperar pacientemente enquanto tirávamos fotos com o Jukka (o Emppu parecia ter sumido), antes de partirem para o tão desejado almoço.

Até o momento em que fomos embora, os fãs lá fora ainda aguardavam a saída dos finlandeses. Mas, pela reação dos músicos à nossa abordagem, não achei que se recusariam a atender aquelas pessoas, que abriram mão de uma tarde de sábado para chegar um pouquinho mais perto da sua banda favorita. Tanto acertei que, hoje, já dá pra ver, no orkut de alguns, fotos com Tuomas e com o baixista Marco Hietala :)

sábado, 15 de novembro de 2008

Ocean soul: jornadas de um poeta nórdico

Como tantos poetas, Tuomas Holopainen prefere escrever quando está em casa, durante a tranqüilidade das manhãs. Seus versos tratam de cascatas purpúreas, do imenso oceano a ocultar segredos nórdicos (para ele, o mar é "a coisa mais bela do mundo"), de uma saudade que nem existe na língua dele, da inocência sem a qual a esperança se torna ilusão, da passagem das horas que nos paga amargamente com terra e pó. Apesar de bastante pessoais, seus poemas são entoados por milhares de pessoas, como se falassem dos sentimentos de cada uma delas, mesmo que provenham de realidades completamente distintas.

O tecladista da banda finlandesa de heavy metal sinfônico Nightwish é um homem tímido e gentil, humor tipicamente finlandês. A banda que ele integra é uma das pioneiras no segmento do heavy metal com vocal feminino - pioneirismo atualmente incorporado pela voz da sueca Anette Olzon, que substitui Tarja Turunen e acompanha a banda pela primeira vez na turnê do álbum Dark Passion Play. Aliás, esta é uma turnê que vem tendo "muitos altos e baixos, muitas noites mal-dormidas", como relata Tuomas com um meio-sorriso.

No contato com a mídia, que se torna mais intenso à medida que cresce o sucesso da banda, Tuomas assume o posto de porta-voz do Nightwish - sendo ele um dos fundadores e o principal compositor da banda. Foi nessa condição que, de partida para um almoço tardio (já passava das 14h), Tuomas concedeu uma entrevista exclusiva às nossas repórteres Lucíola Limaverde e Débora Medeiros no saguão do hotel onde a banda está hospedada, duas horas antes da passagem de som do show a ser realizado esta noite de 15 de novembro, às 20h, na casa de espetáculos Arena.

Jabá: Vocês fazem turnês desde o primeiro CD [Angels Fall First, lançado em 1997]. De que forma as turnês evoluíram, daquela época até agora?
Tuomas Holopainen: As turnês se tornaram profissionais demais, por assim dizer, porque nosso sucesso cresceu e nós passamos por mais lugares, tocamos em lugares maiores. Então, por exemplo, no começo, nós tocávamos em bares pequenos, lugares desse tipo, havia um sentimento intimista. E sabe, nós mesmos montávamos o nosso equipamento. Agora, durante os últimos anos, nós temos muitos técnicos cuidando de todo mundo, eu não sei mais nem montar o meu teclado. Então, a turnê se tornou bem maior, por assim dizer, e também mais profissional.

Jabá: Isso é bom, ruim...? Você sente falta dessa época?
Tuomas: Eu sinto, na verdade, porque naquela época tudo era novidade, sabe, vir pela primeira vez para o Brasil... Eu ainda acho que aquela ("Wishmaster World Tour", em 2000) talvez tenha sido a turnê mais memorável que nós tivemos e nós estivemos aqui quatro vezes depois disso, já sabemos meio o que esperar. O choque positivo inicial se foi. Então, eu sinto um pouco de saudades daqueles dias, sim.

Jabá: Sobre este álbum, você disse que ele contém a música mais pesada da história do Nightwish, Master Passion Greed. E no próximo, haverá outras músicas bem pesadas também?
Tuomas: Eu não tenho idéia, na verdade (risos).

Jabá: Você tem cerca de quantas músicas prontas? Umas quatro...
Tuomas: Cerca de duas.

Jabá: As letras e as melodias?
Tuomas: As melodias e as idéias, mas é realmente impossível dizer como o próximo álbum vai soar. Eu tenho muitas idéias, mas ainda resta vê-las.

Jabá: Você tem idéia de quando o próximo álbum deve sair?
Tuomas: Não antes de 2010, isso é certo.

Jabá: Em que momento você escreve melhor suas músicas? Como você compõe?
Tuomas: Não preciso de um momento ou lugar específicos, na verdade, pode acontecer em qualquer lugar. Mas, em alguns aspectos, seria pela manhã, esse deve ser o melhor momento para eu compôr: de manhã cedo, quando eu acordo. No inverno é sempre melhor que no verão e em casa é sempre melhor que em qualquer outro lugar, como, por exemplo, nas turnês.

Jabá: Seu lar, seu país, seria o melhor lugar para compôr?
Tuomas: Sim, eu realmente acho que sim, porque cada uma das músicas do Nightwish que eu escrevi foi composta mais ou menos em casa.

Jabá: Você se inspira muito na Finlândia?
Tuomas: Sim. Na neve, na natureza, no povo, em tudo. É o meu lar, o lar é muito inspirador para todos nós.

Jabá: E qual a diferença entre o público finlandês e o do resto do mundo?

Tuomas: Não tem muita diferença, na verdade, porque quando se trata dos fãs desse tipo de música, eles são bem parecidos no mundo todo, de certo modo. Vocês apenas mostram isso melhor. Na Finlândia, não tem gente assim, vindo te ver no hotel [refere-se aos fãs que aguardavam a banda na calçada do hotel]. Eles ainda gostam de você, só que são mais reservados. E isso tem a ver com a mentalidade do povo: nós somos um pouco mais calmos, introspectivos, sem mostrar nossas emoções.

Jabá: Quais são seus planos para quando a turnê acabar?
Tuomas: Vamos tirar uns dois meses de férias, quando iremos a algum lugar totalmente afastado. E, depois disso, começar a escrever as músicas e, talvez, por volta do começo de 2010, vamos para os ensaios e depois entramos no estúdio e começamos a trabalhar no próximo álbum. A idéia é essa, mas a vida é muito estranha, você nunca sabe o que vai acontecer, pra onde você vai... O mais seguro é não pensar demais nisso, só fazer alguns planos e ver o que acontece.

Ouça músicas do Nightwish aqui.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Paulo Mamede diz que parecer não-oficial contra o ICA é fruto de quem quer boicotar o projeto

O coordenador de Comunicação e Marketing Institucional da UFC, Paulo Mamede, afirmou hoje logo após terminar a coletiva que o parecer negativo sobre a implantação do ICA no Sítio Alagadiço Novo é fruto de quem quer boicotar o projeto. Ele disse acreditar em nomes que possivelmente poderiam ter espalhado a negativa, mas não quis citá-los.

O parecer contrário, assinado pelo arquiteto Carlos Fernando de Moura Delphim, surgiu inicialmente na lista de e-mails da Casa de Rui Barbosa. Mamede concluiu que foi a partir desta lista que o jornalista Fábio Campos, do Jornal O POVO, teve acesso às informações para divulgar hoje em sua coluna, intitulada "Um não rotundo ao projeto do ICA".

Campos transcreve trechos do documento do IPHAN, supostamente assinado no último dia 10 de outubro, que seguem: "O Iphan deve rejeitar categoricamente a proposta de instalação, no seu terreno, de qualquer intervenção que: não seja de interesse direto para as funções originais do Parque do Alagadiço Novo conforme definidas na Resolução nº 196, de 23 de setembro de 1966; Apresente porte, cores, volume, linhas, textura ou demais condições contrastantes ou capazes de competir com a simplicidade, nem tampouco ferir a memória daqueles que erigiram e dos que hoje preservam este patrimônio; Desmereça ou desvalorize os valores materiais e significados imateriais ali preservados para a sociedade brasileira e não para usuários transitórios; Caso se tratasse de um empreendimento passível de receber a aprovação por parte do Iphan, nenhum sinal de aprovação deveria ser concedido sem uma prévia solicitação à Universidade dos indispensáveis estudos de Impacto Ambiental. Como somos de Parecer favorável à total rejeição pelo Iphan à proposta, tal exigência torna-se dispensável. A implantação da proposta em terrenos da Casa de José de Alencar faz-se à custa da integridade e autenticidade do sítio tombado. O sítio não suportaria a quantidade, magnitude e sinergia dos efeitos negativos".

O IPHAN-Ceará ainda não confirmou que o documento que vazou à imprensa seja oficial.

AINDA EM TEMPO - O reitor Jesualdo Farias vai a Brasília a partir da próxima semana para tentar arrecadar o montante de R$ 3 mi até o final do ano para o início do projeto. (com informações de Débora Medeiros, direto da Reitoria)

Jesualdo Farias diz que o espaço do campus do Benfica está sendo ampliado

O reitor Jesualdo Farias está ampliando o espaço do campus do Benfica. De acordo com ele, obras já estão acontecendo na Faculdade de Economia, Atuária, Administração, Contabilidade e Secretariado (FEAACS), na Faculdade de Direito e na Faculdade de Educação (Faced). A compra do terreno do Hospital Psiquiátrico Mira y Lopez já está, inclusive, sendo negociada. Além disso, nas palavras do reitor, a realocação dos cursos que sairão do Benfica permitirá maiores possibilidades para os departamentos que ficarão no campus. (com informações de Débora Medeiros, direto da Reitoria)

Jesualdo não vê necessidade de residência universitária no Sítio Alagadiço Novo

O reitor Jesualdo Farias disse não ver necessidade de residência universitária no Sítio Alagadiço Novo, onde possivelmente será construído o ICA. Para ele, novas moradias nos campi do Pici e do Benfica suprirão essa demanda. Farias prometeu ainda construir um refeitório para os estudantes igual ao Restaurante Universitário do Benfica. O pró-reitor de graduação, Custódio Almeida, complementa as declarações do reitor: os campi deverão estar integrados ao Plano Diretor da cidade. (com informações de Débora Medeiros, da coletiva na Reitoria)

O IPHAN-Ceará age contra sua própria política nacional, diz Jesualdo Farias

O reitor Jesualdo Farias declarou há alguns minutos, na coletiva de imprensa de apresentação do projeto do ICA, que o IPHAN-Ceará está agindo de maneira contrária à política nacional do próprio Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Segundo ele, o IPHAN tem se aliado às universidades, procurando revitalizar os entornos de ambientes tombados. Farias diz estar surpreso com o parecer negativo não-oficial para a construção do ICA na Casa de José de Alencar, no Sítio Alagadiço Novo.

AINDA EM TEMPO - Participam da coletiva o reitor Jesualdo Farias, o vice Henry Campos, os dois arquitetos do projeto, o pró-reitor de graduação Custódio Almeida e representantes dos cursos.

AINDA EM TEMPO 2 - "Hoje a UFC tem obras em todas as suas unidades", diz Jesualdo. Segundo ele, isso levou a um rearranjo das unidades atuais, incluindo o ICA e o Labomar.

(com informações de Débora Medeiros)

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Reitor apresenta à imprensa o projeto do ICA

O reitor recém-eleito Jesualdo Farias apresenta amanhã à imprensa cearense, a partir das 8h30min, o projeto do Instituto de Cultura e Arte (ICA). A coletiva, que acontece no gabinete dele, na Reitoria, pretende tocar em pontos cruciais da obra como planejamento arquitetônico, a decisão de instalar a nova unidade acadêmica no Sítio Alagadiço Novo e os impactos ambientais que a construção vai causar ao lugar - onde foi erguida a Casa de José de Alencar em 1826.

O Instituto é motivo de polêmica na comunidade acadêmica há pouco mais de seis meses, quando sua criação foi aprovada pelo Conselho Universitário (Consuni). O projeto faz parte do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que destina verba pesada para novos campi. Segundo os estudantes, a idéia foi aprovada sem consulta prévia aos afetados pela mudança. A Reitoria contesta.

Confira amanhã os detalhes da coletiva transmitidos pela repórter Débora Medeiros, direto do gabinete do Reitor.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Entrevistas com os candidatos

O debate terminou sem uma palavra sobre o Instituto de Cultura e Arte (ICA), mas o Jabá não poderia deixar o assunto passar em branco. Foi ainda entre apertos de mão e tapinhas nas costas dos correligionários que cada candidato recebeu a proposta de conversar sobre o ICA com nossos repórteres Débora Medeiros e Wanderley Neves Neto. Confira as idéias de Benito Azevedo, Jesualdo Farias e José Carlos Parente sobre o assunto, na ordem em que foram entrevistados.


Benito Azevedo

Jabá: Se o senhor for eleito reitor, qual é a sua proposta pro ICA?

Benito Azevedo: Na verdade, o ICA vai precisar de um remendo. Remendo esse por quê? Porque foram criados cursos, que hoje estão compondo o ICA, pelas gestões anteriores sem condições, simplesmente com o intuito de aumentar o número de vagas da UFC para a sociedade, mas esse número de vagas não foi aumentado ordenadamente. Então, nós temos hoje o curso de Estilismo e Moda que faz parte do ICA, foi recém-transferido do meu Centro [de Ciências Agrárias] e eu conheço bem porque esse curso era co-irmão do meu departamento. Eu fui chefe de departamento e nós sabemos que lá eles têm 70%, 80% ou mais de professores substitutos. Por que isso? Porque fizeram a promessa de criar o curso e não cumpriram a promessa, ou seja, o curso foi apenas criado, depois não teve uma lógica de apoio como deveria ter tido. Assim como se encontra o curso de Jornalismo, da Comunicação Social, que também foi criado dessa forma e também tem um elevado número de professores substitutos. São professores que não têm aquele compromisso, vínculo, com a Universidade Federal do Ceará. Então, nós teríamos que fazer um remendo pra tapar buracos, vamos assim dizer. E, sendo reitor, tudo o que fosse feito para o ICA ia ser planejado com coerência e determinação, pra não criar um problema para os futuros gestores. Ou seja, toda obra, toda ação na minha gestão com certeza não trará problemas para as outras. E essa gestão, se eu receber, eu tô recebendo com problemas, no curso de Medicina do Cariri, no curso de Medicina de Sobral, no Estilismo e Moda, no Jornalismo... Nós teríamos que passar um bom tempo saneando, assim, a universidade.

Jabá: E no caso da criação de vagas pra professores efetivos com a criação do ICA, como ficaria?

Benito: Pois é, isso aí ia ter que ser decidido na comunidade. Por quê? Eu também não posso pegar os outros cursos que tão necessitando de vagas e remanejar todas as vagas pro ICA. Por quê? Se nós temos esses quatro cursos citados com problema de vaga, se eu tirar vagas de outros cursos, o que é que vai ocorrer? Ao invés de quatro cursos com problema gravíssimo, eu terei quatro com problema grave e uns 40, 50 cursos com alguns problemas. Mas nós teremos que, gradativamente, nos concursos, ir colocando um número de vagas maior pros cursos mais necessitados, mais prejudicados. Portanto, os alunos do Estilismo e Moda, os estudantes de Jornalismo, da Medicina no Cariri e em Sobral e de outros cursos que venham a ter o mesmo problema, eles não têm culpa. Eles tão aqui na Universidade Federal do Ceará e eles merecem ter um ensino de qualidade, um ensino realmente que possa capacitá-los para colocá-los no mercado de trabalho.

Jabá: E quanto ao Reuni [Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais], qual o seu posicionamento?

Benito: O Reuni, eu acredito que ele tá completamente equivocado, partindo do princípio de que ele não passou pelo crivo da UFC. Quer dizer, os estudantes fizeram algumas movimentações, eles fizeram algumas poucas reuniões aonde nós não tínhamos vozes, vozes dos estudantes e dos professores. Os próprios professores. Eu não me sinto escutado pelo Reuni, então eu não posso defender o programa. Ele é um programa do Governo Federal pra inchar a UFC hoje. Porque, se nós tamos com um problema de vaga pra professor, como é que nós vamos criar um programa pra aumentar o número de vagas? Nós, na gestão da UFC, o primeiro passo que nós pensaríamos em dar seria abrir cursos noturnos, ou seja, com os mesmos professores: o professor que dá aula de manhã e de tarde, ele taria de tarde e de noite. Ou seja, os professores fariam opções de horários pra que o estudante carente, digamos assim, o estudante que não tenha sido abonado pela sociedade, que não nasceu na classe média ou média pra superior, ele tenha condição de trabalhar e manter seus estudos, porque nós temos conhecimento que mais da metade da evasão escolar na UFC são de estudantes carentes que não têm condição de permanecer na universidade. Então, esse é um problema gravíssimo que nós temos que combater, mesmo antes até da criação de vagas, ou seja, remanejar professores para o turno da noite, de forma que os estudantes, todos os estudantes, possam se manter, alguns sem trabalhar, os mais abastados, mas que a gente dê condições, pelo menos, de o estudante carente fazer um curso com dignidade, com competência, com dedicação. E que no futuro ele represente a nossa universidade como nós queremos: forte, com referência nacional.


Jesualdo Farias


Jabá: Pode-se dizer que o processo do ICA está em um estágio avançado?

Jesualdo Farias: A etapa mais complexa do processo foi a consolidação do ICA enquanto Unidade Acadêmica. Então, nós acompanhamos a comunidade na discussão. Iniciou-se essa discussão ainda no ano passado (podemos dizer que foi mais de um ano de discussão): a comunidade encontrou um consenso, aglutinou as diversas áreas que vão compor o ICA; o Conselho Universitário aprovou a criação da Unidade Acadêmica; a Administração Superior da Universidade apóia e compreende a importância dessa nova Unidade Acadêmica; e, agora, nós estamos, eu poderia dizer, numa etapa final de estruturação do projeto no que se refere à estrutura física para que a gente possa encaminhar essa documentação para o Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional], que, por sua vez, vai fazer toda a análise para definir a localização dessa estrutura lá no Alagadiço Novo. Então, no momento, até onde venho acompanhando, nós estamos cumprindo o cronograma; é nosso desejo começar as obras ainda este ano. Naturalmente, estou aqui falando na qualidade não de candidato a reitor, mas de reitor em exercício, que estarei já a partir da próxima sexta-feira retornando às atividades. Inclusive, estamos já com vagas para professor destinadas a essa nova Unidade, que, na última reunião do Conselho Universitário e do Centro [de Humanidades] teve a sua estruturação gerencial e funcional aprovada.

Jabá: E, como candidato a reitor, quais são as perspectivas para o ICA?

Jesuldo: Se nós formos reitor da Universidade, eu tenho dito isso sempre, o ICA vai receber um tratamento muito especial, porque nós compreendemos essa nova Unidade Acadêmica como uma Unidade que vai fomentar várias demandas, principalmente na área de cultura, já que nós estamos com essa dívida. A Universidade, que já pautou a cultura do estado do Ceará, hoje está praticamente à margem desse processo. Então, nós queremos reconquistar a posição de vanguarda nesse processo, e temos uma esperança muito grande de que o ICA seja esse indutor. E nós queremos revitalizar espaços como o do nosso Teatro Universitário, intensificar mais as utilizações de outros espaços como o nosso Museu [de Arte da UFC, MAUC], a nossa Casa Amarela, a própria Concha Acústica. E, por que não dizer, criar outros espaços, porque nós compreendemos que o que está faltando hoje, na verdade, é a vivência acadêmica; nós temos bons gestores, nós temos pessoas preocupadas, nós temos pessoas que trabalham até sem muitas condições de apoio físicas, condições de pessoal, mesmo de recursos, mas eu compreendo que as coisas só vão acontecer na intensidade que a gente espera quando tivermos atividade acadêmica plena de diversas áreas, não só da cultura, mas da arte, e isso tudo vai contribuir para novos projetos, para novos eventos e para a gente voltar a ser vanguarda e voltar a pautar a arte do estado do Ceará.

Jabá: O senhor pensa que algum dos outros candidatos, caso seja efetivado como reitor, continuará o projeto do ICA?

Jesualdo: Isso você tem de perguntar a eles. O meu compromisso é de manter o projeto, até porque é compromisso de quem criou a Unidade. Criamos e vamos consolidá-lo, com certeza, se formos reitores.


José Carlos Parente


Jabá: Então, professor, qual a sua proposta pro ICA?

Parente: O Instituto de Cultura e Arte é uma proposta antiga que foi materializada na gestão do professor René. A cultura e arte eu vejo como um dos quatro elementos que são essenciais ao desenvolvimento da pessoa, juntamente com a tecnologia e a ciência. Particularmente, eu, pessoalmente, não teria nenhuma proposta minha pra esse Instituto de Cultura e Arte. Bem entendido: eu não saberia qual a feição que ele deve ter, como é que ele deve ser. Quando reitor, eu reuniria, coordenaria um trabalho junto com a comunidade e com os responsáveis pelos equipamentos de cultura e arte da UFC, pra que a gente pudesse fazer um programa, um projeto que de fato fosse representativo das artes e da cultura do ceará, inicialmente. Também defenderia, junto à comunidade, que esse instituto pudesse, de forma bastante clara e viva, fazer uma ligação entre as manifestações culturais que estão dentro da universidade e seus equipamentos culturais com a comunidade que está no entorno dos campi da UFC. Sem esquecer que a arte e a cultura não são, assim como ciência e tecnologia, não são algo que está desvinculado, não são algo que seja estanque num determinado local, que esse instituto e a comunidade própria dele pudessem encontrar meios que as manifestações culturais que são próprias nossas possam ser difundidas pra fora da universidade, pra fora da comunidade e pra fora do Ceará. Assim como também absorver ou trazer pra dentro do Ceará e da UFC manifestações culturais que sejam de outros locais. Enfim, nós defendemos um projeto em que cultura e arte também possam ser democratizadas, possam respeitar diferenças, possam primar pela liberdade de expressão, que são bem essenciais em uma universidade que quer ser pública, democrática, gratuita, de qualidade, com referência na sociedade.

Jabá: Professor, quanto aos cursos que estão no interior do Instituto agora, qual seria a participação deles na construção desse projeto?

Parente: Olhe, todos os cursos que o Instituto de Cultura e Arte tem no seu interior teriam que se manifestar, a sua comunidade se manifestar, e se agregar a esse projeto maior de tornar a cultura e a arte dentro da UFC um projeto que possa utilizar, aproveitar, difundir a cultura e a arte dentro da nossa comunidade. Por exemplo, o curso de Estilismo e Moda, durante muito tempo, foi um curso de feição estranha dentro do Centro de Ciências Agrárias. Era algo que era incompreensível como um curso dessa natureza estava naquele local. Agora, ao ser parte do Instituto de Cultura e Arte, ele está num local que lhe é próprio, porque moda e estilismo, a gente pode contar histórias de cultura e arte, tendo como base o modo como a humanidade se vestiu. Quer dizer, roupa, se a gente diz de uma forma genérica, não é só uma forma da gente se proteger contra o clima, é também uma forma de se manifestar o gosto interior do ser humano, não é só proteção: é proteção aliada com manifestações do interior das pessoas e também manifestações da pessoa com o meio em que ela está inserida.

Jabá: O professor Jesualdo afirmou que o projeto do ICA está em uma etapa final, inclusive falou da possibilidade do início das obras ainda esse ano. O senhor pararia esse processo e voltaria a essa fase, como o senhor falou, da discussão?

Parente: Olhe, eu sempre defendi e continuarei a defender que nós tenhamos uma universidade em que a comunidade participe. Por exemplo, eu sou um professor que conheço uma quantidade razoável de informações dentro da UFC, eu acompanho várias discussões e, sinceramente, ao longo do estabelecimento desse Instituto de Cultura e Arte, muito pouco de discussão foi feita. Se a gente sair a perguntar à comunidade da UFC o que é Instituto de Cultura e Arte, como é que ele está sendo realizado, pouca gente saberá. Por quê? Porque as decisões na universidade são tomadas por grupos restritos de pessoas. A gente não vê tanto uma discussão geral do que acontece dentro da universidade. Parar as obras ou parar o projeto do Instituto de Cultura e Arte talvez não fosse a solução a ser tomada, mas certamente, eu reuniria a comunidade, pra ouvir dela se o que está sendo feito está, de fato, privilegiando, se estão sendo consideradas as discussões daqueles que fazem a comunidade deste importante ramo de atividade que é a cultura e arte. Então, parar não seria a decisão tomada a priori. Se a comunidade chegasse à conclusão de que outra feição deveria ser feita, nós com certeza acataríamos a decisão da comunidade envolvida.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Um debate de fôlego, uma corrida contra o tempo

A UFC enfrenta, mais uma vez, um processo de sucessão de última hora. O último havia se iniciado em plenas férias do semestre 2006.2, quando o reitor René Teixeira Barreira renunciou ao cargo, para assumir a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior do governo Cid Gomes. O resultado foi a eleição do então vice-reitor, Ícaro de Sousa Moreira em março de 2007. As eleições atuais ocorrem após a morte súbita do professor Ícaro, vítima de um infarto fulminante abril passado. Segundo o Ministério da Educação (MEC), o vice-reitor, Jesualdo Farias, só poderia ter assumido como reitor caso Ícaro houvesse cumprido pelo menos metade do seu mandato. O MEC, então, determinou que fossem realizadas novas eleições. O Conselho Universitário (Consuni) cogitou até mesmo a elaboração de uma lista tríplice sem consulta prévia à comunidade acadêmica, mas a medida não foi aprovada. E, assim, teve início mais um processo eleitoral com pouco tempo hábil para discussão, como prova a realização do primeiro e único debate entre os candidatos apenas dois dias antes da votação.

Segunda-feira, 18 de agosto, 10 horas da manhã. O Auditório Castello Branco estava lotado: acomodados nas poltronas e no carpete azuis, figurões do alto escalão administrativo da UFC, professores, servidores, jornalistas e estudantes aguardavam o início do debate entre os candidatos a reitor. Em poucos minutos, os professores Jesualdo Pereira Farias, Benito Moreira de Azevedo e José Carlos Parente de Oliveira foram chamados, nessa ordem, a compor a mesa, cada um arrancando palmas de seus respectivos apoiadores.

Desde esse momento, era perceptível a atmosfera que permaneceria ao longo do debate, algo como um duelo entre torcidas organizadas, com direito a uniforme (a sala estava coalhada de camisas azuis, dos eleitores de Jesualdo Farias, e de camisas brancas, de quem votaria em Benito Azevedo; os apoiadores de José Carlos Parente traziam adesivos no peito), gritos e deboches, os quais, mais tarde, levariam o professor Benito a repreender a audiência: "Me surpreende ver professores de cargos comissionados agindo dessa forma", disse. "Isso é democracia, ouvir o que não se quer também".

Mas não nos adiantemos aos fatos. Agora que o leitor sentiu o clima, vamos aos pontos altos do debate, que durou cerca de duas horas, divididas em quatro blocos. Apenas a Associação dos Docentes da UFC (Adufc) participou da organização. O Sindicato dos Servidores da UFC (SintufCE) e o Diretório Central dos Estudantes (DCE) afirmam não concordar com o processo não-paritário.

1º bloco: apresentações

Cada candidato teve seis minutos para fazer uma apresentação geral de si próprio e de suas propostas. Por sorteio, Jesualdo Farias foi o primeiro a falar. "Compreendo que o vice-reitor, de acordo com o que postula nosso estatuto, deveria dar continuidade ao mandato", afirmou, acrescentando, no entanto, que fora favorável à consulta à comunidade quando da votação no Consuni da determinação do MEC. Jesualdo qualificou seu mandato junto ao reitor Ícaro Moreira como "um ano e dois meses de realizações", das quais destacou o que considera melhorias na assistência estudantil, como a oferta de refeições vegetarianas no Restaurante Universitário e o aumento na quantidade de bolsas, assim como em seu valor, que passou de R$200 para R$ 300. Anunciou, ainda, a construção de duas novas residências estudantis: uma no Benfica e uma no Pici.

Benito Azevedo, por sua vez, passou cerca de cinco dos seis minutos de sua apresentação detalhando a própria trajetória acadêmica, com ênfase na sua atuação no movimento sindical, através da Adufc (Associação dos Docentes da UFC), e administrativa, como chefe do departamento de Engenharia Agrícola. Benito afirmou defender a paridade em todas as instâncias decisórias da universidade, além das eleições, e conclamou aqueles que concordam com ele a participarem da consulta: "Eu acho que a melhor resposta de estudantes e servidores a quem é contra a paridade é derrotando na urna". Quanto à sua proposta como candidato, disse apenas: "A minha proposta... Não tem proposta", o que provocou risos em parte da audiência. Ele explicou, então, que tudo seria decidido junto à comunidade universitária.

José Carlos Parente pouco falou de sua trajetória de mais 30 anos na UFC, optando por anunciar que, se eleito, seu primeiro ato seria instalar uma estatuinte. "O autoritarismo desse estatuto fomenta o continuísmo", acusou, prometendo que "o novo estatuto será atual, preciso e democrático". Outra medida defendida por Parente é a descentralização do orçamento universitário. Segundo ele, a configuração atual, em que as verbas estão concentradas nas mãos do reitor, leva os diretores de centro e chefes de departamento a "mendigar" pelos corredores da Reitoria, quando precisam de financiamento para projetos ou dinheiro para algum conserto emergencial. O candidato também disse exigir transparência no que diz respeito às fundações privadas existentes na UFC, como a Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura (FCPC): "A falta de transparência é tal, que nós não sabemos o que acontece nas fundações privadas", disse.

2º bloco: cobranças e indagações

Os candidatos puderam fazer perguntas entre si, com direito a réplica e tréplica. Benito perguntou sobre a opinião dos outros dois professores sobre a paridade e se eles concordariam em retirar suas candidaturas até que fosse possível realizar eleições paritárias. Jesualdo afirmou que a proposta já foi submetida ao Consuni, mas disse que a paridade só seria possível de fato com a conquista da autonomia plena, desvinculando o resultado das eleições da aprovação do presidente da República. Parente afirmou que seu desejo era que as eleições atuais já fossem paritárias e contra-argumentou: "Que moral tem alguém pra ir ao MEC pedir autonomia quando as decisões ainda são tomadas de forma autoritária na universidade?", ao que Jesualdo respondeu ser a autonomia um compromisso não só de sua candidatura, mas de sua gestão anteriormente. "É só compromisso que se quer?", indagou Parente. "O compromisso que mais vinga nessa universidade é a troca de cargos, é a troca de empregos", acusou.

Benito refez o convite aos candidatos para que retirem suas candidaturas, assinalando que nenhum deles havia respondido. Parente, então, mostrou um documento assinado por ele, em resposta afirmativa à pergunta.

Parente perguntou a Jesualdo o porquê de sua permanência no cargo de vice-reitor durante e mesmo depois das eleições, caso perca na consulta. Segundo o professor, isso contraria o estatuto da UFC, ao que Jesualdo replicou: "Eu gostaria que o senhor lesse o nosso estatuto, porque parece que o senhor só está interessado nas regras aplicadas a consultas feitas em circunstâncias de normalidade. A UFC está passando por um processo de excepcionalidade".

3º bloco: o público se manifesta

Das três perguntas lidas pelo mediador, a do servidor César Pontes foi a mais abrangente, pedindo que os três candidatos avaliassem a atual gestão. Jesualdo foi o primeiro a responder, listando ações nas áreas de extensão, assistência estudantil, pesquisa, graduação e pós-graduação, inclusive com a criação de novos cursos. Parente citou o contexto nacional de fomento ao Ensino Superior e acusou Jesualdo de tomar para si méritos que não eram dele: "Não dá pra dizer que todo esse blábláblá é seu, essa universidade caminha com pés próprios, a administração superior muitas vezes atrapalha", disse. Já Benito reforçou o caráter participativo que sua gestão teria: "Eu faria tudo isso com a comunidade e melhor", garantiu, mais uma vez provocando deboches do público.

4º bloco: pedidos de participação

Por cinco minutos, cada candidato fez suas considerações finais, com pedidos de votos e de participação da comunidade universitária. Benito assinalou que Jesualdo não havia se manifestado quanto à proposta feita por ele para retirar as candidaturas até que se pudessem fazer eleições paritárias.

Parente disse perceber "um riso de desfaçatez" entre os ocupantes de cargos comissionados (cargos de confiança) presentes no debate. "Aqui, só quem consegue as coisas é quem verga as costas, mas ainda há pessoas que não aprenderam a vergar as costas", bradou, acusando Jesualdo de pertencer a uma "oligarquia", no poder desde antes dos tempos do reitor Roberto Cláudio, do qual o reitor René Barreira já fora vice.

Jesualdo disse lamentar "profundamente" estar participando de uma consulta para reitor naquele momento, pois esta só estava acontecendo devido ao falecimento do reitor Ícaro Moreira. "O professor Ícaro não saiu pra ser vice-reitor conduzido por uma oligarquia, mas pelos méritos dele", disse Jesualdo, repelindo as acusações de Parente.

Com isso, o debate foi encerrado. Quer todos os esclarecimentos necessários tenham sido prestados em duas horas ou não, esta foi a última oportunidade para ouvir as propostas de cada candidato antes da votação. Mas você ainda pode acessar a página referente à consulta no site da UFC e tirar as próprias conclusões. Se se sentir seguro para votar, apareça em alguma das seções espalhadas pela universidade nesta quarta, dia 20. Confira os horários de funcionamento e localizações de todas elas aqui.

AINDA HOJE NO BLOG: Entrevistas exclusivas com os candidatos sobre o Instituto de Cultura e Arte (ICA).