tag:blogger.com,1999:blog-66712009092584499972024-02-19T02:30:49.861-08:00Jornal Jabáo único que a gente aconselha que você recebaAlan Santiagohttp://www.blogger.com/profile/05257644097394068561noreply@blogger.comBlogger16125tag:blogger.com,1999:blog-6671200909258449997.post-28344248104292045042008-11-16T09:27:00.000-08:002008-11-16T10:14:31.353-08:00Bastidores: siga aquele cara!<div style="text-align: justify;"><span style="font-style: italic;">por Lucíola Limaverde</span><br /><br /><blockquote><span dir="ltr" id=":24d">"Por falta de um grito se perde uma boiada."<br />(Minha mãe)<br /></span></blockquote><br />Não tínhamos credenciais, não tínhamos crachás de grandes empresas de Comunicação, não tínhamos permissão para estar lá, não tínhamos porra nenhuma: apenas a firmeza de quem sai de casa às 13 horas de um sábado para tentar uma entrevista com chances monstras de não dar certo. Tínhamos também a certeza de que deveríamos olhar nos olhos e responder com postura a qualquer abordagem dos recepcionistas e seguranças do hotel.<br /><br />E não tardou para que usássemos essa última: depois de passar por cerca de 20 ou 25 fãs que esperavam do lado de fora do hotel, entramos pela porta giratória e sentamos no sofá da recepção. "E agora?", perguntei para a Débora. "A gente fica aqui e espera eternamente até eles descerem?". Precisávamos de um plano melhor, pois o segurança de terno já passava por nós na tentativa de ouvir nossa conversa. Veio a idéia: Débora telefona pro Alan pedindo pra ele ligar para a recepção e perguntar pelo Marco Hietala (aparentemente o mais simpático e amigável da banda), solicitando em seguida que a recepcionista passasse a ligação pro quarto dele (santa inocência!). Quando o baixista atendesse (o que eu mais gosto na gente é essa filosofia bob-marleyana de que "every little thing's gonna be alright"), Alan explicaria<b> </b>em inglês que duas estudantes de Jornalismo estavam na recepção e queriam uma palavrinha rápida com ele.<br /><br />"Mas Débora, fala em alemão, esse povo todo aqui entende inglês". Falar naquele idioma era uma arma dupla: além de não permitir que o pessoal do hotel nos entendesse, isso talvez conseguisse impor mais respeito e levantar menos suspeitas sobre a gente. Mas como ninguém consegue falar alemão sem gritar e sem parecer que está brigando (rs), em pouco a Débora já estava fazendo com que todo o hotel parasse pra olhar pra ela: a única voz do saguão conversando alto naquela língua estranha, e eu torcendo pra que realmente ninguém mais soubesse alemão por ali.<br /><br />Durante a ligação, um segurança aborda a gente. "Vocês estão esperando alguém?" Só um minuto, estamos num telefonema. Ele fica por ali, e eu já preocupada. Débora desliga o telefone, começamos a falar baixinho em inglês durante um tempo, combinando os próximos passos. Mais uma vez o segurança vem. "Vocês estão esperando alguém?" E eu, tentando parecer o mais <i>lady</i> possível, pergunto num tom quase ofendido mas altivo, olhando bem pro homem: "Tem algum problema ficarmos aqui?". E ele desconfiado: "Vocês não são fãs não, né? Não tão ligando pra mais gente vir, estão?". Falar a verdade: "Nós somos estudantes de Jornalismo, viemos entrevistar a banda", disse eu num tom extremamente polido, derrubando por terra toda a minha postura ao sacar do bolso minha carteirinha de estudante surrada guardada num daqueles porta-carteiras de plástico fulerage (mas super-úteis pra não quebrar a carteirinha no bolso, gente). "Tá aqui, Comunicação Social - UFC". E a Débora, prevenida, abre a pasta com o portfólio do curso e mostra o mais recente número do Jabá: "É pra esse jornal aqui, ó". O segurança nos olha, tá, fiquem à vontade. YES! Agora era só esperar o Alan chegar em casa de um almoço fora (será que ele ainda demoraria?) e ligar para a recepção.</div><div style="text-align: justify;" class="Ih2E3d"><br />Depois de um tempo, enquanto combinávamos algumas perguntas em inglês, o elevador se abre: o guitarrista Emppu sai e simplesmente se senta num sofá atrás da gente. "Débora, puta que pariu, é ele, e agora?" Agora vamos lá, né, respira, telefona pro Alan pedindo pra cancelar a ligação. Um, dois, três.<br /><br />Apresentação. O Emppu, tímido, aparenta não gostar de burburinhos com imprensa: "Entrevista só com o Tuomas, ele tá descendo pro almoço". Putz! Nessa hora de frio na barriga me chega a lembrança de que eu tinha comido só duas bananas antes de sair de casa às pressas. Com o estômago embrulhado de emoção e fome, puxamos uma conversa <i>off-the-record</i> sobre a turnê, cerveja, bons lugares para comer em Fortaleza, expectativas para o show. Elevador abre: Tuomas, tecladista e líder da banda, acompanhado pelo baterista Jukka.<br /><br /></div><div style="text-align: justify;">Os três trocam palavras em finlandês e saem em direção ao restaurante do hotel. "FOLLOW THEM!", conclamou Débora sem me deixar dúvidas sobre o que fazer. Emppu e Jukka andando na frente, logo foram abordados por uns cinco fãs que esperavam discretamente numa mesa perto do restaurante. Tuomas puxa os óculos escuros, mais reservado, e começa a andar devagar. É o bote. "Tuomas, somos estudantes de Jornalismo, uma palavrinha pro nosso jornal..." Tudo bem. A entrevista começa, gravador ligado - que acabou desligando sozinho segundos depois, nos fazendo conseguir só a metade final da entrevista.<br /><br />Depois de uma quase cena de choro por ter perdido as melhores perguntas da entrevista, o boicote da tecnologia acabou sendo superado: aconteceu só pra não dizer que foi tudo perfeito mesmo.</div>Débora Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/14075619539849401589noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6671200909258449997.post-62551429733041103552008-11-16T09:26:00.001-08:002008-11-16T09:27:04.833-08:00Bastidores: da arte de chegar chegando<p style="text-align: justify;"><span style="font-style: italic;">por Débora Medeiros</span><br /></p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;">Eu estava entrando na <a href="http://jornaljaba.blogspot.com/2008/11/reitor-apresenta-imprensa-o-projeto-do.html" target="_blank">coletiva com o reitor Jesualdo Farias</a> quando recebi a primeira ligação da Lucíola: "Tu tá podendo falar agora? Tenho uma proposta pra ti." A imprensa cearense já se acomodava toda no gabinete do reitor e, apesar de curiosa pra saber o que era a tal proposta, pedi pra ela ligar mais tarde. Descubro na hora do almoço: "Que que tu acha de a gente fazer uma entrevista exclusiva com o Nightwish pro Jabá?" Iríamos atrás dos contatos dos produtores locais da Empire, empresa responsável pela vinda da banda a Fortaleza. Conversaríamos com eles pra ver se era possível. Não hesitei: "Claro! Vamos nos encontrar pra combinar!" A coletiva do reitor tinha sido um sucesso de cobertura em tempo real pro blog (modéstia à parte, havíamos "apenas" dado um furo em todos os veículos de comunicação presentes, hehe) e a equipe inteira ainda estava eufórica. Não poderia haver melhor momento para embarcar em mais uma empreitada típica do Jabá.</p><p style="text-align: justify;">Marcamos uma reunião com um dos produtores, que nos passou o contato da assessora de imprensa local. Muito solícita, ela nos disse que ia conversar com a direção nacional do show pra ver se rolava uma participação nossa em coletiva. Na sexta-feira à noite, véspera do show da banda, vimos juntas o e-mail fatídico, avisando que o credenciamento não havia sido aprovado. Nessa hora, quase desistimos, achando que ia ser difícil chegar à banda, já que o acesso à imprensa não era facilitado.</p><p style="text-align: justify;">O dia do show chega e nada de encontrarmos uma alternativa aos canais oficiais. Mas jornalista é bicho nojento, e eis que, em pleno sábado de manhã, Lucíola descobre onde eles estão hospedados. Continuava sendo algo incerto, mas nos lembramos das lições do mestre Agostinho Gósson, professor do curso de Comunicação Social da UFC, e decidimos: ficar em casa porque pode dar errado é que não dá, quem não arrisca não petisca! Era meio-dia: foi só o tempo de arrumar o equipamento pra entrevista e partir pra lá com a cara e a coragem. Ah, e caprichamos no visual, pra ficar com cara de jornalistas profissionais e entrar no saguão do hotel sem causar alarde, o que conseguimos na cara-de-pau mesmo!</p><p style="text-align: justify;">Já passava das 14h quando sentamos quietinhas no sofá, nos articulando por telefone com nosso editor, Alan Santiago, e esperando que algo acontecesse. Pelas nossas contas, a banda deixaria o hotel para ir passar o som no Arena, o que provavelmente deveria acontecer no final da tarde - talvez até só à noite. O problema mesmo era saber se iriamos durar tanto tempo ali no saguão, já que a equipe do hotel não parava de nos lançar olhares cheios de suspeita. No fim das contas, metaleiro é metaleiro não importa de que forma esteja vestido, o jeito não mente.</p><p style="text-align: justify;">Acho até que foi um pouco por isso que reconhecemos tão facilmente o guitarrista Emppu Vuorinen, logo que ele desceu do elevador e se sentou num sofá atrás de nós, fingindo não perceber que o observávamos com o rabo do olho. Não demorou muito até tomarmos coragem e irmos puxar conversa com ele. Nada de entrevistas: "Isso é só com o Tuomas," ele foi logo avisando, assim que nos apresentamos como repórteres do Jabá. Mas Emppu não se recusou a papear conosco sobre os temas mais variados, da cerveja ao preço do sushi. O guitarrista admitiu estar morrendo de fome, eles estavam saindo para almoçar: "O Tuomas disse que tem uma pizzaria aqui perto".</p><p style="text-align: justify;">Foi só falar nele e nosso entrevistado apareceu, junto com o baterista Jukka Nevalainen. Antes que os poucos fãs que também haviam conseguido penetrar o saguão chegassem a ele, nos apresentamos e puxamos Tuomas de lado para uma breve entrevista: "Não vai levar mais que cinco minutinhos", prometi. Comecei a arrumar nervosamente o gravador, mas desisti quando vi que o da Lucíola já estava ligado e parti para a primeira pergunta – não dava pra fazer as duas coisas ao mesmo tempo: ou eu olhava nos olhos do homem ou mexia no bendito aparelho; talvez, se tivesse desistido do contato visual, teríamos a entrevista toda, mas isso é outra história.</p><p style="text-align: justify;">O fato é que a conversa durou bem mais que cinco minutos. A certa altura, perguntamos: "Você já tem de ir?" E Tuomas balançou a cabeça, tranqüilo: "Não, tudo bem." Ao final, ainda topou tirar fotos conosco e autografar nossos CDs, além de esperar pacientemente enquanto tirávamos fotos com o Jukka (o Emppu parecia ter sumido), antes de partirem para o tão desejado almoço.</p><div style="text-align: justify;">Até o momento em que fomos embora, os fãs lá fora ainda aguardavam a saída dos finlandeses. Mas, pela reação dos músicos à nossa abordagem, não achei que se recusariam a atender aquelas pessoas, que abriram mão de uma tarde de sábado para chegar um pouquinho mais perto da sua banda favorita. Tanto acertei que, hoje, já dá pra ver, no orkut de alguns, fotos com Tuomas e com o baixista Marco Hietala :) </div>Débora Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/14075619539849401589noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6671200909258449997.post-48749957272389518172008-11-15T11:42:00.000-08:002008-11-16T08:59:36.850-08:00Ocean soul: jornadas de um poeta nórdico<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHHSGbYgKND_5aldrJzcTDO_3KnLRNii6zhBntCyx7TEqEV060ghzzuWyZMc6d6Q3rH1sdjXbNOn1xSilxT3L3DJbPMjIyjoOdhAL8W7AXe3cEV2bKLe2sIH0DJrrB2GqWQrJIduehq9s/s1600-h/tuomas2804PP_vi.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 251px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHHSGbYgKND_5aldrJzcTDO_3KnLRNii6zhBntCyx7TEqEV060ghzzuWyZMc6d6Q3rH1sdjXbNOn1xSilxT3L3DJbPMjIyjoOdhAL8W7AXe3cEV2bKLe2sIH0DJrrB2GqWQrJIduehq9s/s320/tuomas2804PP_vi.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5269012813317757874" border="0" /></a>Como tantos poetas, Tuomas Holopainen prefere escrever quando está em casa, durante a tranqüilidade das manhãs. Seus versos tratam de cascatas purpúreas, do imenso oceano a ocultar segredos nórdicos (para ele, o mar é "a coisa mais bela do mundo"), de uma saudade que nem existe na língua dele, da inocência sem a qual a esperança se torna ilusão, da passagem das horas que nos paga amargamente com terra e pó. Apesar de bastante pessoais, seus poemas são entoados por milhares de pessoas, como se falassem dos sentimentos de cada uma delas, mesmo que provenham de realidades completamente distintas.<br /><br />O tecladista da banda finlandesa de <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Symphonic_metal" target="_blank">heavy metal sinfônico</a> <a href="http://www.nightwish.com/" target="_blank">Nightwish</a> é um homem tímido e gentil, humor tipicamente finlandês. A banda que ele integra é uma das pioneiras no segmento do heavy metal com vocal feminino - pioneirismo atualmente incorporado pela voz da sueca Anette Olzon, que substitui Tarja Turunen e acompanha a banda pela primeira vez na turnê do álbum <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Dark_Passion_Play" target="_blank">Dark Passion Play</a>. Aliás, esta é uma turnê que vem tendo "muitos altos e baixos, muitas noites mal-dormidas", como relata Tuomas com um meio-sorriso.<br /><br />No contato com a mídia, que se torna mais intenso à medida que cresce o sucesso da banda, Tuomas assume o posto de porta-voz do Nightwish - sendo ele um dos fundadores e o principal compositor da banda. Foi nessa condição que, de partida para um almoço tardio (já passava das 14h), Tuomas concedeu uma entrevista exclusiva às nossas repórteres Lucíola Limaverde e Débora Medeiros no saguão do hotel onde a banda está hospedada, duas horas antes da passagem de som do show a ser realizado esta noite de 15 de novembro, às 20h, na casa de espetáculos Arena.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Jabá: Vocês fazem turnês desde o primeiro CD </span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;">[Angels Fall First, lançado em 1997].</span><span style="font-weight: bold;"> De que forma as turnês evoluíram, daquela época até agora? </span><br /><span style="font-weight: bold;">Tuomas Holopainen:</span> As turnês se tornaram profissionais demais, por assim dizer, porque nosso sucesso cresceu e nós passamos por mais lugares, tocamos em lugares maiores. Então, por exemplo, no começo, nós tocávamos em bares pequenos, lugares desse tipo, havia um sentimento intimista. E sabe, nós mesmos montávamos o nosso equipamento. Agora, durante os últimos anos, nós temos muitos técnicos cuidando de todo mundo, eu não sei mais nem montar o meu teclado. Então, a turnê se tornou bem maior, por assim dizer, e também mais profissional.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Jabá: Isso é bom, ruim...? Você sente falta dessa época?</span><br /><span style="font-weight: bold;">Tuomas:</span> Eu sinto, na verdade, porque naquela época tudo era novidade, sabe, vir pela primeira vez para o Brasil... Eu ainda acho que aquela (<span style=";font-family:Times New Roman;font-size:100%;" ><i>"Wishmaster World Tour", em 2000</i>) </span>talvez tenha sido a turnê mais memorável que nós tivemos e nós estivemos aqui quatro vezes depois disso, já sabemos meio o que esperar. O choque positivo inicial se foi. Então, eu sinto um pouco de saudades daqueles dias, sim.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Jabá: Sobre este álbum, você disse que ele contém a música mais pesada da história do Nightwish, <span style="font-style: italic;">Master Passion Greed</span>. E no próximo, haverá outras músicas bem pesadas também?<br /></span><span style="font-weight: bold;">Tuomas:</span> Eu não tenho idéia, na verdade (risos).<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Jabá: Você tem cerca de quantas músicas prontas? Umas quatro...</span><br /><span style="font-weight: bold;">Tuomas:</span> Cerca de duas.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Jabá: As letras e as melodias?</span><br /><span style="font-weight: bold;">Tuomas:</span> As melodias e as idéias, mas é realmente impossível dizer como o próximo álbum vai soar. Eu tenho muitas idéias, mas ainda resta vê-las.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Jabá: Você tem idéia de quando o próximo álbum deve sair?</span><br /><span style="font-weight: bold;">Tuomas:</span> Não antes de 2010, isso é certo.<br /><br /><span style="font-weight: bold;"></span><span style="font-weight: bold;">Jabá: Em que momento você escreve melhor suas músicas? Como você compõe?</span><br /><span style="font-weight: bold;">Tuomas:</span> Não preciso de um momento ou lugar específicos, na verdade, pode acontecer em qualquer lugar. Mas, em alguns aspectos, seria pela manhã, esse deve ser o melhor momento para eu compôr: de manhã cedo, quando eu acordo. No inverno é sempre melhor que no verão e em casa é sempre melhor que em qualquer outro lugar, como, por exemplo, nas turnês.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Jabá: Seu lar, seu país, seria o melhor lugar para compôr?</span><br /><span style="font-weight: bold;">Tuomas:</span> Sim, eu realmente acho que sim, porque cada uma das músicas do Nightwish que eu escrevi foi composta mais ou menos em casa.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Jabá: Você se inspira muito na Finlândia?</span><br /><span style="font-weight: bold;">Tuomas:</span> Sim. Na neve, na natureza, no povo, em tudo. É o meu lar, o lar é muito inspirador para todos nós.<br /><span style="font-weight: bold;"><br />Jabá: E qual a diferença entre o público finlandês e o do resto do mundo?</span><br /><span style="font-weight: bold;">Tuomas:</span> Não tem muita diferença, na verdade, porque quando se trata dos fãs desse tipo de música, eles são bem parecidos no mundo todo, de certo modo. Vocês apenas mostram isso melhor. Na Finlândia, não tem gente assim, vindo te ver no hotel <span style="font-style: italic;">[refere-se aos fãs que aguardavam a banda na calçada do hotel].</span> Eles ainda gostam de você, só que são mais reservados. E isso tem a ver com a mentalidade do povo: nós somos um pouco mais calmos, introspectivos, sem mostrar nossas emoções.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Jabá: Quais são seus planos para quando a turnê acabar? </span><br /><span style="font-weight: bold;">Tuomas:</span> Vamos tirar uns dois meses de férias, quando iremos a algum lugar totalmente afastado. E, depois disso, começar a escrever as músicas e, talvez, por volta do começo de 2010, vamos para os ensaios e depois entramos no estúdio e começamos a trabalhar no próximo álbum. A idéia é essa, mas a vida é muito estranha, você nunca sabe o que vai acontecer, pra onde você vai... O mais seguro é não pensar demais nisso, só fazer alguns planos e ver o que acontece.<br /><div style="text-align: justify;"><br />Ouça músicas do Nightwish <a href="http://www.myspace.com/nightwish">aqui</a>.<br /></div>Débora Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/14075619539849401589noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-6671200909258449997.post-86794415116317546932008-11-04T05:53:00.000-08:002008-11-04T15:33:07.464-08:00Paulo Mamede diz que parecer não-oficial contra o ICA é fruto de quem quer boicotar o projetoO coordenador de Comunicação e Marketing Institucional da UFC, Paulo Mamede, afirmou hoje logo após terminar a coletiva que o parecer negativo sobre a implantação do ICA no Sítio Alagadiço Novo é fruto de quem quer boicotar o projeto. Ele disse acreditar em nomes que possivelmente poderiam ter espalhado a negativa, mas não quis citá-los.<br /><br />O parecer contrário, assinado pelo arquiteto Carlos Fernando de Moura Delphim, surgiu inicialmente na lista de e-mails da Casa de Rui Barbosa. Mamede concluiu que foi a partir desta lista que o jornalista Fábio Campos, do Jornal O POVO, teve acesso às informações para divulgar hoje em sua coluna, intitulada "Um não rotundo ao projeto do ICA".<br /><br />Campos transcreve trechos do documento do IPHAN, supostamente assinado no último dia 10 de outubro, que seguem: "<em>O Iphan deve rejeitar categoricamente a proposta de instalação, no seu terreno, de qualquer intervenção que: não seja de interesse direto para as funções originais do Parque do Alagadiço Novo conforme definidas na Resolução nº 196, de 23 de setembro de 1966; Apresente porte, cores, volume, linhas, textura ou demais condições contrastantes ou capazes de competir com a simplicidade, nem tampouco ferir a memória daqueles que erigiram e dos que hoje preservam este patrimônio; Desmereça ou desvalorize os valores materiais e significados imateriais ali preservados para a sociedade brasileira e não para usuários transitórios; Caso se tratasse de um empreendimento passível de receber a aprovação por parte do Iphan, nenhum sinal de aprovação deveria ser concedido sem uma prévia solicitação à Universidade dos indispensáveis estudos de Impacto Ambiental. Como somos de Parecer favorável à total rejeição pelo Iphan à proposta, tal exigência torna-se dispensável. A implantação da proposta em terrenos da Casa de José de Alencar faz-se à custa da integridade e autenticidade do sítio tombado. O sítio não suportaria a quantidade, magnitude e sinergia dos efeitos negativos</em>".<br /><br />O IPHAN-Ceará ainda não confirmou que o documento que vazou à imprensa seja oficial.<br /><br />AINDA EM TEMPO - O reitor Jesualdo Farias vai a Brasília a partir da próxima semana para tentar arrecadar o montante de R$ 3 mi até o final do ano para o início do projeto. (com informações de Débora Medeiros, direto da Reitoria)Alan Santiagohttp://www.blogger.com/profile/05257644097394068561noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6671200909258449997.post-52652210393745013422008-11-04T05:16:00.000-08:002008-11-04T06:07:22.934-08:00Jesualdo Farias diz que o espaço do campus do Benfica está sendo ampliadoO reitor Jesualdo Farias está ampliando o espaço do campus do Benfica. De acordo com ele, obras já estão acontecendo na Faculdade de Economia, Atuária, Administração, Contabilidade e Secretariado (FEAACS), na Faculdade de Direito e na Faculdade de Educação (Faced). A compra do terreno do Hospital Psiquiátrico Mira y Lopez já está, inclusive, sendo negociada. Além disso, nas palavras do reitor, a realocação dos cursos que sairão do Benfica permitirá maiores possibilidades para os departamentos que ficarão no campus. (com informações de Débora Medeiros, direto da Reitoria)Alan Santiagohttp://www.blogger.com/profile/05257644097394068561noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6671200909258449997.post-46388659422014702592008-11-04T05:06:00.000-08:002008-11-04T05:42:39.890-08:00Jesualdo não vê necessidade de residência universitária no Sítio Alagadiço NovoO reitor Jesualdo Farias disse não ver necessidade de residência universitária no Sítio Alagadiço Novo, onde possivelmente será construído o ICA. Para ele, novas moradias nos <em>campi </em>do Pici e do Benfica suprirão essa demanda. Farias prometeu ainda construir um refeitório para os estudantes igual ao Restaurante Universitário do Benfica. O pró-reitor de graduação, Custódio Almeida, complementa as declarações do reitor: os <em>campi</em> deverão estar integrados ao Plano Diretor da cidade. (com informações de Débora Medeiros, da coletiva na Reitoria)Alan Santiagohttp://www.blogger.com/profile/05257644097394068561noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6671200909258449997.post-81643296252175635642008-11-04T04:10:00.000-08:002008-11-04T05:50:40.400-08:00O IPHAN-Ceará age contra sua própria política nacional, diz Jesualdo FariasO reitor Jesualdo Farias declarou há alguns minutos, na coletiva de imprensa de apresentação do projeto do ICA, que o IPHAN-Ceará está agindo de maneira contrária à política nacional do próprio Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Segundo ele, o IPHAN tem se aliado às universidades, procurando revitalizar os entornos de ambientes tombados. Farias diz estar surpreso com o parecer negativo não-oficial para a construção do ICA na Casa de José de Alencar, no Sítio Alagadiço Novo.<br /><br />AINDA EM TEMPO - Participam da coletiva o reitor Jesualdo Farias, o vice Henry Campos, os dois arquitetos do projeto, o pró-reitor de graduação Custódio Almeida e representantes dos cursos.<br /><br />AINDA EM TEMPO 2 - "Hoje a UFC tem obras em todas as suas unidades", diz Jesualdo. Segundo ele, isso levou a um rearranjo das unidades atuais, incluindo o ICA e o Labomar.<br /><br />(com informações de Débora Medeiros)Alan Santiagohttp://www.blogger.com/profile/05257644097394068561noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6671200909258449997.post-74246700022285779562008-11-03T17:24:00.001-08:002008-11-03T18:31:50.046-08:00Reitor apresenta à imprensa o projeto do ICA<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaMFLedsoHeuJPWDwcS5m2jUIdzuXNKuoQ98zKufDBvLPVrvE44gTIUrRgCEmIpE2QiA9qmIW1EjzZ0o-rusZibw64ap0olzIVdu1B7oR4KLKSFJLUUKp63cC9KPo8dD2fAgYp_unu5pI/s1600-h/jeusadlo.png"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 114px; height: 173px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaMFLedsoHeuJPWDwcS5m2jUIdzuXNKuoQ98zKufDBvLPVrvE44gTIUrRgCEmIpE2QiA9qmIW1EjzZ0o-rusZibw64ap0olzIVdu1B7oR4KLKSFJLUUKp63cC9KPo8dD2fAgYp_unu5pI/s400/jeusadlo.png" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5264616314104159938" border="0" /></a>O reitor recém-eleito Jesualdo Farias apresenta amanhã à imprensa cearense, a partir das 8h30min, o projeto do Instituto de Cultura e Arte (ICA). A coletiva, que acontece no gabinete dele, na Reitoria, pretende tocar em pontos cruciais da obra como planejamento arquitetônico, a decisão de instalar a nova unidade acadêmica no Sítio Alagadiço Novo e os impactos ambientais que a construção vai causar ao lugar - onde foi erguida a Casa de José de Alencar em 1826.<br /><br />O Instituto é motivo de polêmica na comunidade acadêmica há pouco mais de seis meses, quando sua criação foi aprovada pelo Conselho Universitário (Consuni). O projeto faz parte do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que destina verba pesada para novos <span style="font-style: italic;">campi</span>. Segundo os estudantes, a idéia foi aprovada sem consulta prévia aos afetados pela mudança. A Reitoria contesta.<br /><br />Confira amanhã os detalhes da coletiva transmitidos pela repórter Débora Medeiros, direto do gabinete do Reitor.Alan Santiagohttp://www.blogger.com/profile/05257644097394068561noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6671200909258449997.post-29270790682336514012008-08-20T06:02:00.000-07:002008-08-20T06:36:01.892-07:00Entrevistas com os candidatos<span style="font-size:100%;">O debate terminou sem uma palavra sobre o Instituto de Cultura e Arte (ICA), mas o Jabá não poderia deixar o assunto passar em branco. Foi ainda entre apertos de mão e tapinhas nas costas dos correligionários que cada candidato recebeu a proposta de conversar sobre o ICA com nossos repórteres Débora Medeiros e Wanderley Neves Neto. Confira as idéias de Benito Azevedo, Jesualdo Farias e José Carlos Parente sobre o assunto, na ordem em que foram entrevistados.<br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;">Benito Azevedo</span><br /></span><br /><p class="MsoNormal"><span style="font-size:100%;"><span style="font-weight: bold;">Jabá:</span> <span style="font-weight: bold;">Se o senhor for eleito reitor, qual é a sua proposta pro ICA?</span></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size:100%;"><span style="font-weight: bold;">Benito Azevedo:</span> Na verdade, o ICA vai precisar de um remendo. Remendo esse por quê? Porque foram criados cursos, que hoje estão compondo o ICA, pelas gestões anteriores sem condições, simplesmente com o intuito de aumentar o número de vagas da UFC para a sociedade, mas esse número de vagas não foi aumentado ordenadamente. Então, nós temos hoje o curso de Estilismo e Moda que faz parte do ICA, foi recém-transferido do meu Centro<span style="font-style: italic;"> [de Ciências Agrárias]</span> e eu conheço bem porque esse curso era co-irmão do meu departamento. Eu fui chefe de departamento e nós sabemos que lá eles têm 70%, 80% ou mais de professores substitutos. Por que isso? Porque fizeram a promessa de criar o curso e não cumpriram a promessa, ou seja, o curso foi apenas criado, depois não teve uma lógica de apoio como deveria ter tido. Assim como se encontra o curso de Jornalismo, da Comunicação Social, que também foi criado dessa forma e também tem um elevado número de professores substitutos. São professores que não têm aquele compromisso, vínculo, com a Universidade Federal do Ceará. Então, nós teríamos que fazer um remendo pra tapar buracos, vamos assim dizer. E, sendo reitor, tudo o que fosse feito para o ICA ia ser planejado com coerência e determinação, pra não criar um problema para os futuros gestores. Ou seja, toda obra, toda ação na minha gestão com certeza não trará problemas para as outras. E essa gestão, se eu receber, eu tô recebendo com problemas, no curso de Medicina do Cariri, no curso de Medicina de Sobral, no Estilismo e Moda, no Jornalismo... Nós teríamos que passar um bom tempo saneando, assim, a universidade.</span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size:100%;"><span style="font-weight: bold;">Jabá: E no caso da criação de vagas pra professores efetivos com a criação do ICA, como ficaria?</span></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size:100%;"><span style="font-weight: bold;">Benito:</span> Pois é, isso aí ia ter que ser decidido na comunidade. Por quê? Eu também não posso pegar os outros cursos que tão necessitando de vagas e remanejar todas as vagas pro ICA. Por quê? Se nós temos esses quatro cursos citados com problema de vaga, se eu tirar vagas de outros cursos, o que é que vai ocorrer? Ao invés de quatro cursos com problema gravíssimo, eu terei quatro com problema grave e uns 40, 50 cursos com alguns problemas. Mas nós teremos que, gradativamente, nos concursos, ir colocando um número de vagas maior pros cursos mais necessitados, mais prejudicados. Portanto, os alunos do Estilismo e Moda, os estudantes de Jornalismo, da Medicina no Cariri e em Sobral e de outros cursos que venham a ter o mesmo problema, eles não têm culpa. Eles tão aqui na Universidade Federal do Ceará e eles merecem ter um ensino de qualidade, um ensino realmente que possa capacitá-los para colocá-los no mercado de trabalho.</span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size:100%;"><span style="font-weight: bold;">Jabá: E quanto ao Reuni [Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais], qual o seu posicionamento?</span></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size:100%;"><o:p></o:p><span style="font-weight: bold;">Benito:</span> O Reuni, eu acredito que ele tá completamente equivocado, partindo do princípio de que ele não passou pelo crivo da UFC. Quer dizer, os estudantes fizeram algumas movimentações, eles fizeram algumas poucas reuniões aonde nós não tínhamos vozes, vozes dos estudantes e dos professores. Os próprios professores. Eu não me sinto escutado pelo Reuni, então eu não posso defender o programa. Ele é um programa do Governo Federal pra inchar a UFC hoje. Porque, se nós tamos com um problema de vaga pra professor, como é que nós vamos criar um programa pra aumentar o número de vagas? Nós, na gestão da UFC, o primeiro passo que nós pensaríamos em dar seria abrir cursos noturnos, ou seja, com os mesmos professores: o professor que dá aula de manhã e de tarde, ele taria de tarde e de noite. Ou seja, os professores fariam opções de horários pra que o estudante carente, digamos assim, o estudante que não tenha sido abonado pela sociedade, que não nasceu na classe média ou média pra superior, ele tenha condição de trabalhar e manter seus estudos, porque nós temos conhecimento que mais da metade da evasão escolar na UFC são de estudantes carentes que não têm condição de permanecer na universidade. Então, esse é um problema gravíssimo que nós temos que combater, mesmo antes até da criação de vagas, ou seja, remanejar professores para o turno da noite, de forma que os estudantes, todos os estudantes, possam se manter, alguns sem trabalhar, os mais abastados, mas que a gente dê condições, pelo menos, de o estudante carente fazer um curso com dignidade, com competência, com dedicação. E que no futuro ele represente a nossa universidade como nós queremos: forte, com referência nacional.<span style="font-weight: bold;"><br /></span></span></p><p class="MsoNormal"> </p><p class="MsoNormal"><span style="font-weight: bold;"><br /></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-weight: bold;">Jesualdo Farias<br /></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-weight: bold;"><br /></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-weight: bold;">Jabá: Pode-se dizer que o processo do ICA está em um estágio avançado?</span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-weight: bold;">Jesualdo Farias:</span> A etapa mais complexa do processo foi a consolidação do ICA enquanto Unidade Acadêmica. Então, nós acompanhamos a comunidade na discussão. Iniciou-se essa discussão ainda no ano passado (podemos dizer que foi mais de um ano de discussão): a comunidade encontrou um consenso, aglutinou as diversas áreas que vão compor o ICA; o Conselho Universitário aprovou a criação da Unidade Acadêmica; a Administração Superior da Universidade apóia e compreende a importância dessa nova Unidade Acadêmica; e, agora, nós estamos, eu poderia dizer, numa etapa final de estruturação do projeto no que se refere à estrutura física para que a gente possa encaminhar essa documentação para o Iphan [<i style="">Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional</i>], que, por sua vez, vai fazer toda a análise para definir a localização dessa estrutura lá no Alagadiço Novo. Então, no momento, até onde venho acompanhando, nós estamos cumprindo o cronograma; é nosso desejo começar as obras ainda este ano. Naturalmente, estou aqui falando na qualidade não de candidato a reitor, mas de reitor em exercício, que estarei já a partir da próxima sexta-feira retornando às atividades. Inclusive, estamos já com vagas para professor destinadas a essa nova Unidade, que, na última reunião do Conselho Universitário e do Centro [<i style="">de Humanidades</i>] teve a sua estruturação gerencial e funcional aprovada.</p> <p class="MsoNormal"><span style="font-weight: bold;">Jabá:</span> <span style="font-weight: bold;">E, como candidato a reitor, quais são as perspectivas para o ICA?</span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-weight: bold;">Jesuldo:</span> Se nós formos reitor da Universidade, eu tenho dito isso sempre, o ICA vai receber um tratamento muito especial, porque nós compreendemos essa nova Unidade Acadêmica como uma Unidade que vai fomentar várias demandas, principalmente na área de cultura, já que nós estamos com essa dívida. A Universidade, que já pautou a cultura do estado do Ceará, hoje está praticamente à margem desse processo. Então, nós queremos reconquistar a posição de vanguarda nesse processo, e temos uma esperança muito grande de que o ICA seja esse indutor. E nós queremos revitalizar espaços como o do nosso Teatro Universitário, intensificar mais as utilizações de outros espaços como o nosso Museu [<i style="">de Arte da UFC, MAUC</i>], a nossa Casa Amarela, a própria Concha Acústica. E, por que não dizer, criar outros espaços, porque nós compreendemos que o que está faltando hoje, na verdade, é a vivência acadêmica; nós temos bons gestores, nós temos pessoas preocupadas, nós temos pessoas que trabalham até sem muitas condições de apoio físicas, condições de pessoal, mesmo de recursos, mas eu compreendo que as coisas só vão acontecer na intensidade que a gente espera quando tivermos atividade acadêmica plena de diversas áreas, não só da cultura, mas da arte, e isso tudo vai contribuir para novos projetos, para novos eventos e para a gente voltar a ser vanguarda e voltar a pautar a arte do estado do Ceará.</p> <p style="font-weight: bold;" class="MsoNormal">Jabá: O senhor pensa que algum dos outros candidatos, caso seja efetivado como reitor, continuará o projeto do ICA?</p> <p class="MsoNormal"><span style="font-weight: bold;">Jesualdo:</span> Isso você tem de perguntar a eles. O meu compromisso é de manter o projeto, até porque é compromisso de quem criou a Unidade. Criamos e vamos consolidá-lo, com certeza, se formos reitores.</p><span style="font-weight: bold;"><br />José Carlos Parente</span><br /><p class="MsoNormal"></p><br /><span style="font-weight: bold;">Jabá: Então, professor, qual a sua proposta pro ICA?</span> <p class="MsoNormal"><span style="font-weight: bold;">Parente:</span> O Instituto de Cultura e Arte é uma proposta antiga que foi materializada na gestão do professor René. A cultura e arte eu vejo como um dos quatro elementos que são essenciais ao desenvolvimento da pessoa, juntamente com a tecnologia e a ciência. Particularmente, eu, pessoalmente, não teria nenhuma proposta minha pra esse Instituto de Cultura e Arte. Bem entendido: eu não saberia qual a feição que ele deve ter, como é que ele deve ser. Quando reitor, eu reuniria, coordenaria um trabalho junto com a comunidade e com os responsáveis pelos equipamentos de cultura e arte da UFC, pra que a gente pudesse fazer um programa, um projeto que de fato fosse representativo das artes e da cultura do ceará, inicialmente. Também defenderia, junto à comunidade, que esse instituto pudesse, de forma bastante clara e viva, fazer uma ligação entre as manifestações culturais que estão dentro da universidade e seus equipamentos culturais com a comunidade que está no entorno dos campi da UFC. Sem esquecer que a arte e a cultura não são, assim como ciência e tecnologia, não são algo que está desvinculado, não são algo que seja estanque num determinado local, que esse instituto e a comunidade própria dele pudessem encontrar meios que as manifestações culturais que são próprias nossas possam ser difundidas pra fora da universidade, pra fora da comunidade e pra fora do Ceará. Assim como também absorver ou trazer pra dentro do Ceará e da UFC manifestações culturais que sejam de outros locais. Enfim, nós defendemos um projeto em que cultura e arte também possam ser democratizadas, possam respeitar diferenças, possam primar pela liberdade de expressão, que são bem essenciais em uma universidade que quer ser pública, democrática, gratuita, de qualidade, com referência na sociedade.</p> <p style="font-weight: bold;" class="MsoNormal">Jabá: Professor, quanto aos cursos que estão no interior do Instituto agora, qual seria a participação deles na construção desse projeto?</p><p class="MsoNormal"><span style="font-weight: bold;">Parente:</span> Olhe, todos os cursos que o Instituto de Cultura e Arte tem no seu interior teriam que se manifestar, a sua comunidade se manifestar, e se agregar a esse projeto maior de tornar a cultura e a arte dentro da UFC um projeto que possa utilizar, aproveitar, difundir a cultura e a arte dentro da nossa comunidade. Por exemplo, o curso de Estilismo e Moda, durante muito tempo, foi um curso de feição estranha dentro do Centro de Ciências Agrárias. Era algo que era incompreensível como um curso dessa natureza estava naquele local. Agora, ao ser parte do Instituto de Cultura e Arte, ele está num local que lhe é próprio, porque moda e estilismo, a gente pode contar histórias de cultura e arte, tendo como base o modo como a humanidade se vestiu. Quer dizer, roupa, se a gente diz de uma forma genérica, não é só uma forma da gente se proteger contra o clima, é também uma forma de se manifestar o gosto interior do ser humano, não é só proteção: é proteção aliada com manifestações do interior das pessoas e também manifestações da pessoa com o meio em que ela está inserida.</p> <p class="MsoNormal"><span style="font-weight: bold;">Jabá:</span> <span style="font-weight: bold;">O professor Jesualdo afirmou que o projeto do ICA está em uma etapa final, inclusive falou da possibilidade do início das obras ainda esse ano. O senhor pararia esse processo e voltaria a essa fase, como o senhor falou, da discussão?</span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-weight: bold;">Parente:</span> Olhe, eu sempre defendi e continuarei a defender que nós tenhamos uma universidade em que a comunidade participe. Por exemplo, eu sou um professor que conheço uma quantidade razoável de informações dentro da UFC, eu acompanho várias discussões e, sinceramente, ao longo do estabelecimento desse Instituto de Cultura e Arte, muito pouco de discussão foi feita. Se a gente sair a perguntar à comunidade da UFC o que é Instituto de Cultura e Arte, como é que ele está sendo realizado, pouca gente saberá. Por quê? Porque as decisões na universidade são tomadas por grupos restritos de pessoas. A gente não vê tanto uma discussão geral do que acontece dentro da universidade. Parar as obras ou parar o projeto do Instituto de Cultura e Arte talvez não fosse a solução a ser tomada, mas certamente, eu reuniria a comunidade, pra ouvir dela se o que está sendo feito está, de fato, privilegiando, se estão sendo consideradas as discussões daqueles que fazem a comunidade deste importante ramo de atividade que é a cultura e arte. Então, parar não seria a decisão tomada a priori. Se a comunidade chegasse à conclusão de que outra feição deveria ser feita, nós com certeza acataríamos a decisão da comunidade envolvida.</p>Débora Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/14075619539849401589noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6671200909258449997.post-41226336416320945432008-08-19T05:10:00.000-07:002008-08-19T08:37:16.069-07:00Um debate de fôlego, uma corrida contra o tempoA UFC enfrenta, mais uma vez, um processo de sucessão de última hora. O último havia se iniciado em plenas férias do semestre 2006.2, quando o reitor René Teixeira Barreira renunciou ao cargo, para assumir a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior do governo Cid Gomes. O resultado foi a eleição do então vice-reitor, Ícaro de Sousa Moreira em março de 2007. As eleições atuais ocorrem após a morte súbita do professor Ícaro, vítima de um infarto fulminante abril passado. Segundo o Ministério da Educação (MEC), o vice-reitor, Jesualdo Farias, só poderia ter assumido como reitor caso Ícaro houvesse cumprido pelo menos metade do seu mandato. O MEC, então, determinou que fossem realizadas novas eleições. O Conselho Universitário (<a href="http://www.ufc.br/portal/index.php?option=com_content&task=view&id=86&Itemid=71">Consuni</a>) cogitou até mesmo a elaboração de uma lista tríplice sem consulta prévia à comunidade acadêmica, mas a medida não foi aprovada. E, assim, teve início mais um processo eleitoral com pouco tempo hábil para discussão, como prova a realização do primeiro e único debate entre os candidatos apenas dois dias antes da votação.<br /><br />Segunda-feira, 18 de agosto, 10 horas da manhã. O Auditório Castello Branco estava lotado: acomodados nas poltronas e no carpete azuis, figurões do alto escalão administrativo da UFC, professores, servidores, jornalistas e estudantes aguardavam o início do debate entre os candidatos a reitor. Em poucos minutos, os professores <a href="http://lattes.cnpq.br/1655584135166288">Jesualdo Pereira Farias</a>, <a href="http://lattes.cnpq.br/7675816809046074">Benito Moreira de Azevedo</a> e <a href="http://lattes.cnpq.br/0088486051411442">José Carlos Parente de Oliveira</a> foram chamados, nessa ordem, a compor a mesa, cada um arrancando palmas de seus respectivos apoiadores.<br /><br />Desde esse momento, era perceptível a atmosfera que permaneceria ao longo do debate, algo como um duelo entre torcidas organizadas, com direito a uniforme (a sala estava coalhada de camisas azuis, dos eleitores de Jesualdo Farias, e de camisas brancas, de quem votaria em Benito Azevedo; os apoiadores de José Carlos Parente traziam adesivos no peito), gritos e deboches, os quais, mais tarde, levariam o professor Benito a repreender a audiência: "Me surpreende ver professores de cargos comissionados agindo dessa forma", disse. "Isso é democracia, ouvir o que não se quer também".<br /><br />Mas não nos adiantemos aos fatos. Agora que o leitor sentiu o clima, vamos aos pontos altos do debate, que durou cerca de duas horas, divididas em quatro blocos. Apenas a Associação dos Docentes da UFC (Adufc) participou da organização. O Sindicato dos Servidores da UFC (SintufCE) e o Diretório Central dos Estudantes (DCE) afirmam não concordar com o processo não-paritário.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">1º bloco: apresentações<br /></span><br />Cada candidato teve seis minutos para fazer uma apresentação geral de si próprio e de suas propostas. Por sorteio, Jesualdo Farias foi o primeiro a falar. "Compreendo que o vice-reitor, de acordo com o que postula nosso estatuto, deveria dar continuidade ao mandato", afirmou, acrescentando, no entanto, que fora favorável à consulta à comunidade quando da votação no Consuni da determinação do MEC. Jesualdo qualificou seu mandato junto ao reitor Ícaro Moreira como "um ano e dois meses de realizações", das quais destacou o que considera melhorias na assistência estudantil, como a oferta de refeições vegetarianas no Restaurante Universitário e o aumento na quantidade de bolsas, assim como em seu valor, que passou de R$200 para R$ 300. Anunciou, ainda, a construção de duas novas residências estudantis: uma no Benfica e uma no Pici.<span style="font-weight: bold;"> </span><br /><br />Benito Azevedo, por sua vez, passou cerca de cinco dos seis minutos de sua apresentação detalhando a própria trajetória acadêmica, com ênfase na sua atuação no movimento sindical, através da Adufc (Associação dos Docentes da UFC), e administrativa, como chefe do departamento de Engenharia Agrícola. Benito afirmou defender a paridade em todas as instâncias decisórias da universidade, além das eleições, e conclamou aqueles que concordam com ele a participarem da consulta: "Eu acho que a melhor resposta de estudantes e servidores a quem é contra a paridade é derrotando na urna". Quanto à sua proposta como candidato, disse apenas: "A minha proposta... Não tem proposta", o que provocou risos em parte da audiência. Ele explicou, então, que tudo seria decidido junto à comunidade universitária.<br /><br />José Carlos Parente pouco falou de sua trajetória de mais 30 anos na UFC, optando por anunciar que, se eleito, seu primeiro ato seria instalar uma estatuinte. "O autoritarismo desse estatuto fomenta o continuísmo", acusou, prometendo que "o novo estatuto será atual, preciso e democrático". Outra medida defendida por Parente é a descentralização do orçamento universitário. Segundo ele, a configuração atual, em que as verbas estão concentradas nas mãos do reitor, leva os diretores de centro e chefes de departamento a "mendigar" pelos corredores da Reitoria, quando precisam de financiamento para projetos ou dinheiro para algum conserto emergencial. O candidato também disse exigir transparência no que diz respeito às fundações privadas existentes na UFC, como a Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura (FCPC): "A falta de transparência é tal, que nós não sabemos o que acontece nas fundações privadas", disse.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">2º bloco: cobranças e indagações<br /></span><br />Os candidatos puderam fazer perguntas entre si, com direito a réplica e tréplica. Benito perguntou sobre a opinião dos outros dois professores sobre a paridade e se eles concordariam em retirar suas candidaturas até que fosse possível realizar eleições paritárias. Jesualdo afirmou que a proposta já foi submetida ao Consuni, mas disse que a paridade só seria possível de fato com a conquista da autonomia plena, desvinculando o resultado das eleições da aprovação do presidente da República. Parente afirmou que seu desejo era que as eleições atuais já fossem paritárias e contra-argumentou: "Que moral tem alguém pra ir ao MEC pedir autonomia quando as decisões ainda são tomadas de forma autoritária na universidade?", ao que Jesualdo respondeu ser a autonomia um compromisso não só de sua candidatura, mas de sua gestão anteriormente. "É só compromisso que se quer?", indagou Parente. "O compromisso que mais vinga nessa universidade é a troca de cargos, é a troca de empregos", acusou.<br /><br />Benito refez o convite aos candidatos para que retirem suas candidaturas, assinalando que nenhum deles havia respondido. Parente, então, mostrou um documento assinado por ele, em resposta afirmativa à pergunta.<br /><br />Parente perguntou a Jesualdo o porquê de sua permanência no cargo de vice-reitor durante e mesmo depois das eleições, caso perca na consulta. Segundo o professor, isso contraria o estatuto da UFC, ao que Jesualdo replicou: "Eu gostaria que o senhor lesse o nosso estatuto, porque parece que o senhor só está interessado nas regras aplicadas a consultas feitas em circunstâncias de normalidade. A UFC está passando por um processo de excepcionalidade".<br /><br /><span style="font-weight: bold;">3º bloco: o público se manifesta<br /><br /></span>Das três perguntas lidas pelo mediador, a do servidor César Pontes<span style="font-weight: bold;"> </span>foi a mais abrangente, pedindo que os três candidatos avaliassem a atual gestão. Jesualdo foi o primeiro a responder, listando ações nas áreas de extensão, assistência estudantil, pesquisa, graduação e pós-graduação, inclusive com a criação de novos cursos. Parente citou o contexto nacional de fomento ao Ensino Superior e acusou Jesualdo de tomar para si méritos que não eram dele: "Não dá pra dizer que todo esse blábláblá é seu, essa universidade caminha com pés próprios, a administração superior muitas vezes atrapalha", disse. Já Benito reforçou o caráter participativo que sua gestão teria: "Eu faria tudo isso com a comunidade e melhor", garantiu, mais uma vez provocando deboches do público.<span style="font-weight: bold;"><br /><br />4º bloco: pedidos de participação<br /></span><br />Por cinco minutos, cada candidato fez suas considerações finais, com pedidos de votos e de participação da comunidade universitária. Benito assinalou que Jesualdo não havia se manifestado quanto à proposta feita por ele para retirar as candidaturas até que se pudessem fazer eleições paritárias.<br /><br />Parente disse perceber "um riso de desfaçatez" entre os ocupantes de cargos comissionados (cargos de confiança) presentes no debate. "Aqui, só quem consegue as coisas é quem verga as costas, mas ainda há pessoas que não aprenderam a vergar as costas", bradou, acusando Jesualdo de pertencer a uma "oligarquia", no poder desde antes dos tempos do reitor Roberto Cláudio, do qual o reitor René Barreira já fora vice.<br /><br />Jesualdo disse lamentar "profundamente" estar participando de uma consulta para reitor naquele momento, pois esta só estava acontecendo devido ao falecimento do reitor Ícaro Moreira. "O professor Ícaro não saiu pra ser vice-reitor conduzido por uma oligarquia, mas pelos méritos dele", disse Jesualdo, repelindo as acusações de Parente.<br /><br />Com isso, o debate foi encerrado. Quer todos os esclarecimentos necessários tenham sido prestados em duas horas ou não, esta foi a última oportunidade para ouvir as propostas de cada candidato antes da votação. Mas você ainda pode acessar a <a href="http://www.ufc.br/portal/index.php?option=com_content&task=category&sectionid=14&id=110&Itemid=77">página</a> referente à consulta no site da UFC e tirar as próprias conclusões. Se se sentir seguro para votar, apareça em alguma das seções espalhadas pela universidade nesta <span style="font-weight: bold;">quarta</span>, dia <span style="font-weight: bold;">20</span>. Confira os horários de funcionamento e localizações de todas elas <a href="http://www.ufc.br/portal/index.php?option=com_content&task=view&id=7230&Itemid=77">aqui</a>.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">AINDA HOJE NO BLOG: </span>Entrevistas exclusivas com os candidatos sobre o Instituto de Cultura e Arte (ICA).Débora Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/14075619539849401589noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6671200909258449997.post-66356434691261668702008-04-10T06:10:00.000-07:002008-04-10T06:16:53.752-07:00Sete comentários à-toa<p align="left">Primeiro, deixo bem claro: não sou nem um pouco antipático à idéia (por enquanto, é só o que temos) do ICCA. O Instituto é bastante necessário, bem-vindo, providencial, esperado, ansiado, desejado e mesmo amado antes de sequer ser concebido. Mas, aqui no Benfica, integrado aos demais equipamentos da UFC (Casas de Cultura, Casa Amarela, Rádio Universitária, MAUC e os outros cursos da área de humanas, como ciências sociais, filosofia, história, letras, direito, biblioteconomia, arquitetura que, lembrem-se, NÃO VÃO para Messejana na nossa lancheira), e não lá na baixa da égua. É sempre bom repetir as coisas. Dito isso, sigo. Vou fazer uns comentários meio soltos e, em seguida, tentar amarrar tudo.<br /><br />1. Não fica clara na matéria da Débora (não como devia) a posição da gestão do diretório acadêmico do curso de comunicação social da UFC. Faltou uma fala mais objetiva de alguém do DA. E uma pergunta bem simples: o DA é contra ou a favor? No final das contas, fiquei com a impressão de que eles são contra a mudança. Mas com a dúvida: são mesmo? Se são, por quê? Do contrário, a mesma coisa: por quê? No meio do balaio, alguém se desculpa por uma aparente contradição (dissemos sim ao projeto e agora o rejeitamos). Ou isso ou a maconha que estou fumando tá bichada.<br /><br />2. Após a leitura, tive a clara certeza: a decisão do departamento foi tomada de afogadilho (porque o dinheiro tava ali e ninguém pode dispensar tanta grana sem se sentir culpado depois). Pelo visto, eles querem que a nossa também seja. Mas dentro de certos limites. Trata-se de uma questão intramuros, “doméstica”, tipo marido e mulher. A sociedade que paga os nossos estudos não precisa ficar se metendo nisso. Os demais campi da universidade e os jornais, que devem informar essa mesma sociedade, também. Não entendo... Não mesmo. Alguém pode me explicar por que essa roupa suja tem que ser lavada em casa?<br /><br />3. Serão destinados ao projeto do ICCA 41 milhões até o final do governo Lula. Fica faltando a bagatela de 79 milhões, que deve ser parcelada e encaminhada à UFC até 2012. Mas não tudo: eles não sabem dizer quanto virá diretamente do Reuni (o grosso, eu sei. Mas exatamente que percentual?) e quanto das tais emendas parlamentares, que, como leitor de jornais e estudante, fico pensando: esse negócio é mesmo seguro? Não pode melar de uma hora pra outra? E se o quadro político muda, como ficamos?<br /><br />4. Amargar a denominação de “unidade acadêmica” é a única razão para não irmos brincar de esconde-esconde no Pici?! Alguém pensou no projeto não tão faraônico, mas que poderia funcionar como meio-termo nessa história: irmos pro Pici e ficarmos com um dinheirinho. E bem pertinho de casa. Quem sabe, um terço dos 120 milhões... Foi só uma sugestão. <br /><br />5. Quero comentar este trecho da fala da nossa chefe de departamento. A Márcia Vidal, por quem tenho o maior apreço do mundo (foi minha professora de jornalismo comunitário), fez os estudantes entenderem que a permanência do curso de comunicação no Benfica está descartada. O motivo: nosso prédio estaria em “colapso” (recentemente, foi concluída a reforma ou construção, não sei bem, de dois estúdios nesse caquético prédio). Daí fiquei pensando: a ida para o quintal do Zé D’alencar é incerta (não podemos construir nada em área tombada); para o campus das mangueiras (Pici), a mesma coisa (não queremos ser unidade acadêmica); e, por último, ficar no Benfica não está nos planos de ninguém. A pergunta é: e se tudo der errado, pra onde iremos?!<br /><br />Eu tenho uma sugestão: por que não construir um campus bonitinho lá em Guaramiranga? Seria realmente muito bom já estar lá a cada fevereiro e mesmo nos fins de ano, com o friozinho invadindo as salas de aula ou refrescando as reuniões de pauta de JABÁ. Entre uma aula e outra, vinho, cantoria e viola. Se querem mesmo incrementar as nossas festinhas (nunca fui a nenhuma, mas aceito a boa intenção), por que não Guará? Sem contar que o metro quadrado de lá é bem carinho e, se formos pensar em crescimento urbano ou mesmo no papel de fomentador da universidade pública, nada mais justo que contribuir para o desenvolvimento do pequeno município. Podemos fazer um jornalzinho denunciando o desrespeito à área de proteção ambiental e falta de vergonha da Semace, que autoriza construções a torto e a direito (inclusive a do nosso novo campus, hehe). Gestores: pensem nisso com carinho.<br /><br />6. Pensei que tivesse terminado, mas continuo. Esqueci de falar do problema do mestrado em comunicação. Pois bem. A chefe alertou: podemos ser reprovados no exame do Capes caso fiquemos no Benfica. Aí chega a minha vez de perguntar: isso seria culpa de quem? Exclusivamente da política de expansão irresponsável levada adiante pela reitoria da UFC e replicada nos cursos. Por que digo isso? Cheguem mais perto e ouçam: nosso mestrado não foi criado pra funcionar em Messejana, mas no Benfica, no exato local onde se encontra ou, no máximo, no Pici, visto que o projeto de criação de mais um campus no quintal do Zé não havia sido sequer esboçado (se não existe nada de concreto hoje, há quatro meses é que não tinha mesmo). Por essas e outras, isso tem toda a pinta de desculpa (mais uma) que não cola muito bem. <br /><br />7. Ninguém tá dando a devida atenção a uma promessa de campanha do Ícaro: reavivar o corredor cultural do Benfica. Na reunião de esclarecimento com a Márcia, o W. Jr. mencionou o assunto. Acho isso importante. Afinal, o ICCA esteve previsto pra funcionar no Benfica. Havia, portanto, a compreensão de que a coisa poderia mesmo ser construída por ali. No final, todos ganharíamos com isso. De repente, a mudança. Por quê? </p>Unknownnoreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6671200909258449997.post-1926288020433558632008-04-09T06:57:00.000-07:002008-04-11T04:40:28.457-07:00“A roupa suja a gente lava em casa”Fazia tempo que a torrinha do Diretório Acadêmico Tristão de Athayde (DATA) não via tanta gente. Ainda que, numericamente, representassem, no máximo, 10% do contingente total do curso, estudantes de quase todos os semestres compareceram ontem, 8 de abril, ao encontro com a chefe do Departamento de Comunicação Social, professora Márcia Vidal. <p class="MsoNormal">A iniciativa partiu da gestão atual do DATA e visava prestar esclarecimentos sobre o Instituto de Comunicação, Cultura e Arte (ICCA), assunto que vem causando polêmica nos corredores da universidade desde que a implantação do ICCA na Casa de José de Alencar, em Messejana, foi aprovada em uma reunião de departamento no dia 26 de março. </p> <p class="MsoNormal">Inicialmente, Márcia explicou o projeto e<span style="line-height: 115%;"> </span>relatou um episódio semelhante, que ocorreu quando ela era estudante de graduação do curso. À época, foi levantada a possibilidade de o curso se mudar para o Campus do Pici, idéia que encontrou oposição entre grande parte dos estudantes e dos professores do Departamento. “Há 20 anos, quando os professores negaram a nossa ida ao Pici, eles comprometeram o nosso futuro”, constatou, remetendo à situação atual, em que o ICCA representa outra possibilidade de mudança de sede para o curso, à qual a professora se declara favorável. </p> <p class="MsoNormal">Os estudantes aproveitaram a oportunidade para tirar dúvidas quanto ao projeto e questionar a pressa com que foram tomadas algumas decisões, o que inviabilizou discussões prévias. Lorena (3J), integrante da gestão atual do DATA, explicou que a própria representação estudantil só foi avisada da pauta da reunião de departamento na qual se aprovaria com unanimidade a mudança para Messejana <span style=""> </span>na noite anterior ao 26 de março e, por isso, não pôde consultar os estudantes para definir uma posição. “Quanto tempo nós tivemos pra pensar? Uma noite? Realmente, é contraditório a representação estudantil se posicionar a favor do projeto na hora e, agora, mudar de posição”, disse. “Mas essa decisão foi realmente tomada entre 5 pessoas [membros da gestão] e vocês têm liberdade de se posicionar de outra forma”.</p> <p class="MsoNormal">Vários estudantes levantaram objeções ao projeto, como o abandono da promessa de campanha do reitor Ícaro Moreira de revitalizar, através do ICCA, o corredor cultural do Benfica, composto pelo Museu de Arte da UFC (MAUC), o Teatro Universitário e a Casa Amarela Eusélio Oliveira. O professor Wellington Júnior, que também assisia à reunião, apontou que transferir o Instituto para a Messejana “é dizer que esse corredor vai continuar entregue às moscas, já que não tem dinheiro pra ele”.</p> <p class="MsoNormal">As verbas para construção do ICCA não podem ser utilizadas para outros fins que não a criação de cursos e campi novos, conforme esclareceu Márcia Vidal. Segundo ela, o dinheiro também foi a razão para que tudo fosse decidido tão rapidamente. “A verba chegou e nós tivemos de decidir logo, antes que ela fosse pra outro lugar”, disse a professora. Cerca de R$ 3 milhões é a quantia já disponível para iniciar as obras. Até o fim do ano, estão previstos mais R$ 14 milhões, aos quais devem se somar R$ 24 milhões ao longo de 2009. O total de verbas a serem liberadas até 2012 é de R$ 120 milhões. Grande parte dessa quantia deve ser proveniente do Reuni, mas a administração da universidade também conta com a contribuição das chamadas verbas de bancada, requeridas por deputados e senadores e, segundo Márcia, já aprovadas para este ano. </p> <p class="MsoNormal">Outro ponto lembrado na reunião foi que a construção do Instituto na Messejana ainda não é dada completamente como certa. A Casa de José de Alencar e seus arredores são tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e, portanto, não poderiam receber novas construções em sua área. De acordo com Márcia, a assessoria jurídica da universidade está lidando com essa questão. Outra possível localização para o ICCA é o Campus do Pici, que só não é o plano A porque, na opinião da professora, “seríamos apenas mais uma unidade acadêmica”.</p> <p class="MsoNormal">A permanência no Campus do Benfica não é cogitada. De acordo com Márcia, a estrutura do prédio do curso está em “colapso”, apesar das reformas por que tem passado. A professora revelou projetos de abertura de novos cursos de especialização e até mesmo de um Centro Internacional de Aperfeiçoamento em Comunicação, Cultura e Arte (CIACC), pólo de pesquisa nos moldes do CIESPAL (Centro Internacional de Educacción Superior de Periodistas para América Latina), mas tudo só seria possível com uma mudança de sede. Segundo a professora, o recém criado mestrado em Comunicação Social também estaria em jogo, visto que ele passará por sua primeira avaliação perante o Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) em 2009 e poderia ser reprovado nas atuais instalações.</p> <p class="MsoNormal">Após se queixar de não ter ouvido nenhuma opinião positiva sobre o projeto em uma hora de debate, Márcia explicitou os fatores políticos que o tema envolve, destacando que, em todo o seu tempo no curso de Comunicação Social, nunca havia visto tantos recursos. Ela caracterizou como uma “briga de foice” a disputa por verbas entre os vários cursos e afirmou repetidamente que seu apoio ao projeto não era movido por interesses pessoais, pois não tem a intenção de se candidatar à diretoria do conselho que vai reger o ICCA, cargo que cabe ao curso de Comunicação Social. A professora mencionou sua atuação de 25 anos no curso e no movimento de rádios comunitárias para garantir que não arriscaria sua reputação e sua carreira acadêmica por um projeto no qual não acreditasse. Ela chegou a afirmar que se demitiria, caso os estudantes se opusessem formalmente ao ICCA, divulgando tal posicionamento fora da universidade: “A roupa suja a gente lava em casa”, recomendou.<br /></p> <p class="MsoNormal">Muitos estudantes retomaram a palavra para reafirmar sua confiança no Departamento, mas sustentaram as críticas colocadas anteriormente e exigiram que mais informações das instâncias superiores da universidade lhes fossem repassadas, de modo a permitir firmar uma posição própria. Márcia prometeu tentar intermediar uma reunião no próprio DA com o pró-reitor de Graduação e tutor do ICCA, Custódio Almeida, e garantiu que o curso terá direito a enviar representação estudantil às reuniões de constituição do projeto, que estão ocorrendo todas as quintas-feiras, às 15h, na Pró-Reitoria de Graduação, que fica no Campus do Pici. Geimison (3J), que já esteve presente na reunião da semana passada, deve continuar a representar o curso, divulgando as decisões tomadas e inserindo as preocupações estudantis na pauta das discussões. Enquanto a conversa com Custódio não acontecer, o representante se absterá das votações, já que o curso ainda não decidiu sua posição em relação ao tema. </p> <p class="MsoNormal">Como lembrou Thiago “Zé” Rodrigues, é importante que os estudantes se mantenham informados e repassem informações a seus colegas. O Jabá tem procurado, desde o início, democratizar as informações sobre o projeto e está aberto a quem quiser colaborar.</p>Débora Medeiroshttp://www.blogger.com/profile/14075619539849401589noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-6671200909258449997.post-83187608523275699322008-04-05T07:57:00.000-07:002008-04-05T08:02:05.715-07:00QUESTÕES À-TOA...<div align="left">Bom, todos — os que nos representam e têm a responsabilidade de fazê-lo da melhor forma possível —, todos decidiram: vamos nós para o quintal do Zé D’alencar, nas Messejanas, bairro cujo índice de infestação do tal mosquito que vem botando quente no RJ atingiu patamares assustadores. Todos implica: nós, jornalistas e publicitários; eles, demais cursos (estilismo & moda, música, audiovisual, artes cênicas etc.). Foi assim: reuniram-se no Palácio do Reitor e acharam por bem levar adiante o mega-ultra-multiprojeto que, de tão acanhado, prevê: teatro pra mil e tantas pessoas; sets de filmagens que farão inveja aos de Hollywood; estúdios cujas estruturas, cujos equipamentos, cuja área enfim: cujo custo gira em torno de cifras altíssimas, estratosfericamente inconcebíveis. E mais tanta coisa boa pra tanta gente ao mesmo tempo e lugar que, meu Deus, cabe perguntar, temos a obrigação e mesmo decência de querer saber: vai ter dinheiro pra erguer esse colosso da pesquisa internacional, esse centro desmedido e desmesuradamente de ponta na comunicação, no estilismo, na dança, no teatro, no cinema, nas artes de modo geralíssimo? Dizem que sim. Eu duvido. Eles não só acreditam: eles querem acreditar. Palavra do Reitor. Amém.<br /><br />Pois bem. Nossos professores fizeram o mesmo: reuniram-se no departamento e lançaram, sem mais nem menos, como se estivessem à mesa do bar, a nossa sorte em direção ao Cambeba, às tapioqueiras, ao<em> Beast Park</em>. Pois bem. No dia seguinte, tomamos conhecimento: sobrancelhas arqueadas, caras assustadas e a desconcertante frase: “Não estarei mais aqui mesmo”. A gente se assusta com essas coisas todas, professores deslumbrados com infinitos zeros (são CENTO E VINTE MILHÕES DE REAIS!!!) e alunos se resignando quando deveriam sair às ruas, com ou sem panelas, e dizer: NÃO AO PROJETO ou SIM AO PROJETO. Mas dizer. O que fosse, mas dizer. Sim ou não, mas dizer qualquer coisa exceto: eu não vou estar mais aqui mesmo. Qual nada, voltam pra casa tranqüilos e satisfeitos e distantes afinal de qualquer querela infanto-juvenil que esteja sendo forjada contra a transferência de um curso quarentão para os confins da Fortaleza sob a marmotosa e abestalhada pra não dizer idiota e inconsistente desculpa: a cidade se expande pros lados de lá, o Alagadiço tem o metro quadrado mais caro da Loura desposada pelo astro-rei. Qual nada. Calam-se. Amém também.<br /><br />Ok, ok... Agora vêm as perguntinhas sem graça. Primeiro: por que o curso de comunicação social tem de integrar o ICCA (Instituto de Cultura, Comunicação e Arte ou qualquer coisa parecida com isso)? Porque, eles dizem, o dinheiro é suficiente para replicar uma unidade da Nasa aqui. É o dobro do que seria disponibilizado caso o instituto fosse construído no Pici ou mesmo no Benfica. Desse modo pragmático, abandonaram-se os projetos de construção do instituto em metros quadrados mais plebeus. Professores que participaram da reunião no departamento garantem não ter havido muita resistência ao projeto (que, na verdade, na verdade não é um projeto, mas apenas a palavra supostamente afiançada do Reitor ou, quem sabe, um fio do seu bigode). A enormidade das cifras havia minado qualquer possibilidade de debate — e aqui se encontra o grande erro dos professores: não debater o projeto porque afinal a cavalo dado não se olham os dentes. Em conversa com a coordenadora do estilismo & moda, perguntou-se quanto do montante viria parar nos cofres estilosos do curso. Ela disse não saber, que sequer tinha conhecimento do valor total da verba mas que, ora bolas, não ia perder essa oportunidade nunquinha. De modo que os docentes que não concordavam com a mudança foram prontamente convencidos, viram-se sem palavras diante de tantas promessas e mesmo sem graça, amarelecidos de vergonha. E, fico pensando, quiseram evitar o desgaste que é se contrapor a algo que promete (só promete) trazer tanta coisa boa pra todos nós.<br /><br />Mas aí vêm outras perguntas não menos irrespondíveis: não indo para o quintal do Zé D’alencar, o que perdemos todos? A verba só é liberada para os que vão? E quanto aos que resolveram (caso da arquitetura) e aos que resolverem ficar, como fica? E o que se fez do projeto de construção do ICCA no próprio Benfica? E afinal a pergunta de um milhão de dólares (abaixo, obviamente, dos 120 milhões de reais sonhados): mesmo com tantos benefícios, por que não ficar no Benfica?!<br /><br />Motivos não faltam. É central (fica a dois passos do Centro, o metro quadrado mais valorizado culturalmente de Fortaleza e a alguns dos bairros, seja Messejana ou Conjunto Ceará). Está integrado aos demais cursos das humanidades (ciências sociais, filosofia, letras, direito, pedagogia e aos cursos da Feacs e aos do Pici). Quer queiram ou não, existe um arremedo de corredor cultural no Benfica, que há quarenta anos abriga os<em> campi</em> das humanidades. Casas de Cultura, MAUC, Casa Amarela, Rádio Universitária, jornais impressos de um modo geral (O Povo e Diário do Nordeste). E a memória, a riqueza imaterial, a história de um curso de jornalismo e publicidade que criou naquelas bandas, nutrindo-se de sua vida social, cultural e política, varando madrugadas nas ruas do bairro, alimentando-se do seu entorno, que criou enfim vínculos que são por demais caros, para não dizer inegociáveis. E agora vêm nossos queridos mestres nos dizer que podemos nos mudar que nada nos fará falta na longínqua e alheia Messejana? Que podemos trocar tudo isso por prédios novos, equipamentos tinindo e um grande teatro? Que devemos fazer isso porque a cidade está crescendo pra lá, porque temos de contribuir para o desenvolvimento social e econômico do Estado? É difícil engolir tanta desculpa esfarrapada, tanta promessa absurda e tanto desrespeito à memória coletiva e ao patrimônio imaterial da imprensa cearense.<br /><br />De tudo isso, fica-se com a impressão inescapável: os docentes assim procederam porque se deslumbraram (essa é a palavra exata pra definir a situação: deslumbre) com as promessas de um reitor metido a JK, que quer, a qualquer preço, crescer 50 anos em 5, que atropela a comunidade universitária e toma decisões arbitrárias sem consulta prévia (caso do Reuni e, agora, do ICCA). Que, finalmente, sofre de uma síndrome de faraó. Que mobiliza cursos sem apresentar um projeto minimamente decente a partir do qual se possa discutir qualquer coisa e só então decidir se a construção do instituto é boa ou não para todos nós.<br /><br />Finalizando. Terça-feira que vem tem conversa com a chefe de departamento do curso de comunicação social. Esperemos pra ver qual é. Mas fico angustiado: nos darão alguma coisa além dos argumentos tão sólidos quanto gelatina que, até agora, vêm pontuando esse debate? Acho difícil. Mas não custa esperar. </div><div align="left"></div><div align="left">Enquanto isso, os estudantes têm a obrigação de fazer alguma coisa. Qualquer coisa. Ocupar a reitoria? Não. Afinal, o “sim” foi uma decisão doméstica, não tem nada que ver com o reitor. Quer dizer, o processo foi atropelado etc., pouco ou quase nada democrático (deixo claro que não espero nunca democracia dessa instituição, apenas decisões tomadas com base numa fisiológica e no jogo de interesses, tal e qual é a política neste País). Bom, vejamos... Quarta-feira tem assembléia dos estudantes da comunicação. As questões, mesmo as mais prosaicas, estão postas. </div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6671200909258449997.post-81654279788122059262007-12-08T07:39:00.001-08:002008-12-10T21:02:53.629-08:00A Copa da ação política<span style="font-style: italic;">De um movimento político, a última Copa Jabá virou uma disputa acirrada. Aqui, trazemos dois pontos de vista sobre aquilo que faz a competição: os jogos e a arquibancada.<br /><br /></span><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirK6Fqa-NTeZMdJVGBRTmrc9A44VjS4xw3QvkFGjw-2hIazYNuNUpkAw6jYy-Z1CEEVHcVrsScf8OaTQPbCfhyoOj6t7xrdVs5TOMyPlYSQa07JL6tNxuyDVJpazB5vtnVXL1qyoW6vIM/s1600-h/DSC07288.JPG"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirK6Fqa-NTeZMdJVGBRTmrc9A44VjS4xw3QvkFGjw-2hIazYNuNUpkAw6jYy-Z1CEEVHcVrsScf8OaTQPbCfhyoOj6t7xrdVs5TOMyPlYSQa07JL6tNxuyDVJpazB5vtnVXL1qyoW6vIM/s400/DSC07288.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5184693693501320226" border="0" /></a><br /><span style="font-weight: bold;">NARRAÇÃO</span> nem só de Galvão Bueno vive a Copa Jabá<br /><span style="font-style: italic;"><br /></span><span><span style="font-style: italic;">por </span><span style="font-weight: bold;"><span style="font-style: italic;">Yuri Leonardo</span><br /><br /></span></span><div style="text-align: justify;"><span><span style="font-size:180%;">N</span>a arquibancada, alguns se reúnem em pequenos grupos para conversar, beber ou simplesmente assistir. Logo abaixo, um dos times, com uniforme de uma cor berrante e preto, se agrupa em círculo, enquanto o time adversário, vestindo uma mistura estranha de cores chamativas, acerta chutes a gol, ensaiando jogadas antes do início da partida. O juiz, de bermuda</span><span> e chinelo, se posiciona. Após alguns instantes, alguém se apossa do microfone da cabine de narração improvisada (leia-se: uma caixa de som, microfone, três ou mais fanfarrões e copos ocasionalmente cheios), gritando: “cadê a cachaça, carai?!”. A maioria não nota, tampouco os narradores, mas o jogo já começou.</span><span><br /><br />As noites de Copa Jabá se iniciam com os jogos femininos. Próximo ao banco de reservas percorrem gritos de incentivo, copos de vinho, namorados e os amigos de quem joga no momento. Tudo serve de incentivo para a melhoria do desempenho das moças em campo, inclusive os gritos dos narradores quando a bola escapa para a lateral – momento tão famoso e esperado pelo público masculino.</span><br /><span><br />À primeira vista, para um apreciador iniciante do Futebol Jabástico, tudo pode parecer muito agitado. No entanto, a Jabá era muito mais animada, com a Quadra do CEU</span><span> quase lotada, como afirmou Thiago “O Zé” Rodrigues durante um jogo e outro do bloco </span><span>feminino. Para ele, certamente o movimento diminuiu por conta da falta de vivência na universid</span><span>ade por conta dos alunos, co</span><span>isa de dois</span><span> anos pra cá. Também alerta: a Jabá está se transformando em algo muito sério.</span><br /><br /><span>Instantes depois da conversa, uma das garotas gira em parafuso no ar e se esborracha no chão da</span><span> quadra após uma falta cometida pelo time adversário. Quedas, caneladas e empurrões se repetem ao longo dos jogos femininos e prosseguem durante nos j</span><span>ogos masculinos. Desentendimentos acontecem em meio ao calor da partida, talvez</span><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_srFbbOXPUJM/R1q-U6-a8tI/AAAAAAAAACk/cBxIkcEBCq4/s1600-h/DSC07266.JPG"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer;" src="http://2.bp.blogspot.com/_srFbbOXPUJM/R1q-U6-a8tI/AAAAAAAAACk/cBxIkcEBCq4/s400/DSC07266.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5141631191234573010" border="0" /></a><span> resultado d</span><span>o grande clima de competitividade que tomou o evento, originalmente criado com um propósito de integração e descontração. Felizmente, tudo se resolveu, ou quase: o preço da competição foi uma pequena coleção de braços enfaixados e hematomas à mostra no CH 2, dias depois do fim da copa.</span></div><span style="font-style: italic;"><br /><br /><br /></span><div style="text-align: right;"><span style="font-weight: bold;"></span><span style="font-weight: bold;"></span><div style="text-align: left;"><div style="text-align: right;"><span style="font-weight: bold;">GUADALAJARA </span>As meninas do <span style="font-style: italic;">Divas</span> entram pra jogar com coreografia especial<br /></div></div></div><span style="font-style: italic;"><br /><br /></span><span style="font-style: italic;">por <span style="font-weight: bold;">Roger Pires<br /></span></span><span><br /></span><div style="text-align: justify;"><span><span style="font-size:180%;">E</span>m razão dos rumores de desativação da Quadra do CEU, essa Copa Jabá foi realizada às pressas. O torneio corria o risco de ser interrompido pela ocupação da Quadra, mas isso não aconteceu. Os participantes foram avisados com aproximadamente uma semana de antecedência e tiveram que montar as equipes e arranjar os uniformes rapidamente para poder jogar mais uma Jabá. A maioria dos times apenas mobilizou os mesmos jogadores da edição passada e usou o mesmo uniforme. Mas alguns “contrataram” novas pessoas e fizeram novos uniformes. </span><br /><br /><span>Na semana pré-copa as línguas não paravam, comentários aqui, provocações ali, promessas acolá... Mas nada passava do limite do respeito. Ao conhecer os adversários da primeira fase dos seus times, os jogadores começaram a calcular os possíveis resultados e se preparar para as partidas. Alguns times foram como favoritos e outros, antes mesmo da copa começar, eram considerados inofensivos.</span><br /><br /><span>Na sexta-feira, dia 14/09, começou a copa. Como foi o dia do meu primeiro jogo nessa copa já tradicional do calendário do curso, a ansiedade tomou conta. Apesar de não valer nada materialmente, vencer uma Copa Jabá é uma questão de conquista pessoal para quem joga pensando em ganhar, mas só de participar já é uma sensação muito válida. Além dos jogos, há um integração entre as pessoas que jogam e aquelas que vão apenas assistir, afinal, durante a semana do evento, os assuntos mais em alta nas rodas de conversa são os acontecimentos da Jabá.</span><br /><br /><span>Nessa edição, o pessoal compareceu para prestigiar o evento e se divertir com a narração das partidas. As bebidas alcoólicas foram onipresentes. O fato de os jogos acabarem aproximadamente às 22h, infelizmente afastou uma grande parte dos estudantes.</span><br /><span><br />O Saldo final da Copa Jabá 2007.2 foi muito positivo, apesar das contusões de alguns comunicólogos. Não somente pelas apresentações esportivas, em que Uó [Fem] e Shiryu e os C. [ Masc] foram campeões; mas também por essa semana que quebrou um pouco a rotina muitas vezes cansativa de nós estudantes. E que venha a Copa Jabá 2008.1!!!<br /><br /></span><div style="text-align: center;">***<br /></div><span><br /><span style="font-style: italic;">De evento de confraternização, passando como ação política de ocupação da quadra e, agora, rumando para uma competição, a Copa Jabá, neste semestre, distanciou-se um tanto do seu propósito inicial. Contudo, ainda assim o evento nos proporcionou uma integração maior com nossos companheiros de curso, boas risadas com a narração e a performance etílica de alguns em campo, e nos despertou para a consciência da ocupação dos espaços da nossa universidade. Cuidar das contusões sofridas em campo e relembrar o real motivo deste evento são ações que podem nos motivar à construção de uma vivência maior dessa fase de nossas vidas.<br /><br /><br />página da edição 44, impossibilitada de circular:<br /></span></span><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7jAnz0ik9HD-9mKriea4-J8bahNRXZOXgOYsCm5LsTvXG9rHzq9mpDLO5EqyPOu8COyw4EFuOrFim-vfCTq-eSoh4P9dhO8ouLtavNZ0-RAx7mp6tGG9b-wf6B8kD3m-9xTMpAhtPD6M/s1600-h/p%C3%A1g.5+-+ed.44.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7jAnz0ik9HD-9mKriea4-J8bahNRXZOXgOYsCm5LsTvXG9rHzq9mpDLO5EqyPOu8COyw4EFuOrFim-vfCTq-eSoh4P9dhO8ouLtavNZ0-RAx7mp6tGG9b-wf6B8kD3m-9xTMpAhtPD6M/s400/p%C3%A1g.5+-+ed.44.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5141635292928340706" border="0" /></a><br /></div><span style="font-style: italic;"><span style="font-weight: bold;"><span style="font-weight: bold;"><span style="font-style: italic;"></span></span></span></span><span style="font-style: italic;"><span style="font-style: italic;"></span></span>Alan Santiagohttp://www.blogger.com/profile/05257644097394068561noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6671200909258449997.post-60119785717647009412007-12-07T07:32:00.000-08:002008-12-10T21:02:53.861-08:00"O que me incomoda é um modus vivendi doentio"<span style="font-style: italic;">Da série<span style="font-weight: bold;"> </span></span><span><span style="font-weight: bold;">DIÁLOGOS POSSÍVEIS</span></span><span style="font-style: italic;"><br /><br />por <span style="font-weight: bold;">Débora Medeiros</span><br /><br />Num café da cidade, David Duarte fala de uma certa “apatia musical cearense” que, segundo ele, está relacionada ao forró com letras violentas, cheias de preconceito contra a mulher e ligadas ao alcoolismo. A entrevista não poderia terminar sem café e pães-de-queijo.<br /><br /></span><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCZKnIOncm-7wbEAmKUDMXwHRaUiNYoq8xMpLHIH-v0PXHwesMxIviJAHq5nbecZ9w5Qv4Lqllh-WdwouPjcd47rDGFLMFLiI5r8txlxsmKFHk9IkIeWzid-ZhY3C3CEjnPjoFAgwXqjk/s1600-h/foto+125+c%C3%B3pia.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCZKnIOncm-7wbEAmKUDMXwHRaUiNYoq8xMpLHIH-v0PXHwesMxIviJAHq5nbecZ9w5Qv4Lqllh-WdwouPjcd47rDGFLMFLiI5r8txlxsmKFHk9IkIeWzid-ZhY3C3CEjnPjoFAgwXqjk/s400/foto+125+c%C3%B3pia.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5141255411660944050" border="0" /></a><span style="font-weight: bold;font-family:georgia;" >VALEU </span><span style="font-family:georgia;">depois do sucesso do disco <span style="font-style: italic;">Essencial</span> e da música <span style="font-style: italic;">Valeu a Pena Esperar</span>, David diz que vai demorar para produzir outro trabalho </span><br /><span style="font-style: italic;font-family:georgia;" ><br /></span><div style="margin: 1ex;font-family:georgia;"> <div> <p align="justify"><span style="font-size:100%;">Você consegue imaginar o cantor David Duarte, presença garantida na programação de rádios como Tempo ou Calypso, caçando músicas de forró pelas FMs 93 da vida? David garante que nem ele imaginava que um dia faria algo assim. Em agosto deste ano, ele chamou os amigos, selecionou um repertório de canções suas e de outros compositores nordestinos e botou a filha Diana em cima de um par de pernas-de-pau, tudo para um show que tinha agendado na Taíba. Já no palco, se surpreendeu com a apatia geral das cerca de 10.000 pessoas presentes, o que o obrigou, inclusive, a reduzir o repertório planejado. Uma parte da platéia começou a pedir que ele fosse substituído por uma banda de forró. “Três gatos pingados, de cachaça e chapéu, começaram a gritar: ‘Forró! Forró!’ Aí eu ouvi e falei: ‘Como é que é? Vamo lá! Forró! Forró!’, bem irônico. Criou-se um certo burburinho, começaram a falar, depois sentiram que tava ficando estranho e pararam. Aí eu disse assim: ‘Vocês lá querem forró! Se vocês quisessem forró, vocês agora estavam gritando. Isso aqui é forró, minha gente! E comecei a cantar ‘Vaca Estrela e Boi Fubá’,’’ conta. A perplexidade com o episódio levou-o a observar a maneira como o chamado forró elétrico tem alterado os hábitos da sociedade cearense. “É que parece que as pessoas, no inconsciente coletivo, estão se conformando, estão fazendo aquela corrente, aquela grande corrente, e dizendo assim: ‘Graças a Deus, eu não preciso saber, eu não preciso pensar, eu não preciso nem sequer agir. Eu só preciso ir com a maré!’,” indigna-se. Ele tem planos de montar um novo show só com essa temática, para alertar o público, e já imagina até a cenografia do espetáculo.<br /></span></p> <p align="justify"><span style="font-size:100%;"><b>Jornal Jabá –</b> <b>Essa intenção de criar um movimento, de fazer com que as pessoas reflitam sobre isso, já é de muito tempo ou veio a partir do show da Taíba?</b></span></p> <p align="justify"><span style="font-size:100%;">David Duarte – O show da Taíba foi o grande estopim. Porque eu sempre quis encontrar uma maneira de averiguar isso como uma coisa, um fenômeno natural, social. Mas não é! O show da Taíba foi o estopim porque eu pude perceber. Olha, eu tive o show da Bienal de Aracati no ano passado, que foi um show lindo também, com um puta dum som que veio não sei de onde, foi um show maravilhoso. Acontece que, numa cidade do interior, numa praça pública, quando se monta, hoje em dia, principalmente aqui no Ceará, um palco com uma grande estrutura de show, as pessoas ficam assim (fica encurvado, de braços cruzados, imitando a expressão de apatia do público), esperando o forró começar. Se não começar forró, as pessoas vão se evadindo. Então, foi por causa de uma seqüência de dificuldades que eu tive em relação ao fato de me apresentar em praças públicas, em cidades do interior. Em Fortaleza também, mas, em Fortaleza, eu tenho o meu público, já é diferente. A massa do meu público contrapõe um pouco essa história. Mas ainda é uma apatia total!<br /></span></p> <p align="justify"><span style="font-size:100%;"><b>JJ – Uma coisa que parece lhe incomodar bastante são as letras, não é tanto a música, a melodia do forró. Por quê?</b></span></p> <p align="justify"><span style="font-size:100%;">David – Eu nem conheço essas letras, sabe? Eu nem conheço. Na verdade, o que me incomoda é o fato de haver, em torno dessa indústria, uma proliferação, uma propagação de um modus vivendi que é completamente doentio, que tá relacionado com a violência, que tá relacionado com o alcoolismo, com o consumo de álcool por menores. Eu identifico três estágios: o momento em que a pessoa está aflita porque ainda não bebeu, o momento em que ela está eufórica porque já bebeu e o momento em que ela está deprimida porque tem que parar de beber, porque tá de ressaca. Então, essas pessoas, no trato social, elas vivem em torno <i>[disso]</i>. Porque eu conheço a doença do alcoolismo. Eu posso dizer que eu conheço, porque eu já vivi um trabalho relacionado com isso na minha própria vida. E isso também não vem ao caso. Mas eu conheço o mecanismo dessa doença. E não tem outra, são esses três estágios. Então, o que é uma segunda-feira nas repartições? Você vai comprar uma coisa numa loja, a mulher tá assim, o cara tá assim (escora a cabeça nas mãos, reproduzindo a expressão de cansaço das pessoas). Em contraponto a isso, tem o grande advento do culto evangélico e suas várias ramificações, que lidam com isso com o simplismo de dizer que é só coisa do diabo, do Satanás. É uma visão um tanto quanto simplista pra mim, em função do fato de eu conhecer um pouco os meandros, as entrelinhas dessa doença. Então, eu percebo que é um problema de saúde pública, que está tendo o aval de pessoas que ainda dizem: “O negócio é cachaça, rapariga e forró.” Quer dizer, que tipo de mentalidade, o que a pessoa quer ouvir quando quer fazer isso <i>[consumir bebidas alcoólicas]</i>?<br /></span></p> <p align="justify"><span style="font-size:100%;"><b>JJ – Além dessa questão do alcoolismo, de que outras formas você acha que o forró influencia o comportamento das pessoas?</b></span></p> <p align="justify"><span style="font-size:100%;">David – Na co-depedência. Nessa questão de achar que o relacionamento é um relacionamento que tá, digamos assim, postado em cima de – eu não diria de aparências, não é isso. Eu acho que colocando a volúpia no lugar errado, na hora errada. Quando você não tem a chave pra abrir um negócio e você precisa muito entrar, você arromba. Eu acho que é isso que eles tão fazendo, tão arrombando o processo, sabe? Não é bem por aí. Acontece que é o seguinte: as pessoas já têm uma preguiça de pensar. As pessoas já comem mal, dormem mal, vivem mal, são muito prejudicadas pelo desfavorecimento social, de classe. Vixe, até parece que eu sou um sociólogo, né? Eu tô falando isso porque só pode ser mesmo complexo. Então, junta tudo isso e nós temos aí um coeficiente de infelicidade. Essa infelicidade gera uma dor, essa dor gera um sofrimento. Não precisaria, mas gera um sofrimento, por causa do despreparo das pessoas. Isso a grosso modo. O sofrimento precisa ser anestesiado, e essa anestesia precisa ser institucionalizada. É isso que eles estão fazendo: institucionalizando o sofrimento das pessoas. É como eu disse: “aquela cachaça, e a dor não passa, a dor não passa... depois das dez mulheres de graça, de graça, de graça...” (citando uma de suas composições sobre o tema, “Balada da Apatia Popular”). Tá entendendo? E, no fundo disso – e isso é que é o mais bonito do ser humano –, é que a alma, enquanto a criatura tá viva, a alma não deixa de pulsar. Então, lá no fundo, existe um confronto disso tudo com a alma. Mesmo que seja de uma forma bem simplista mesmo: a alma que ele aprendeu a dizer que é alma quando vai pra igreja ou os pais contaram pra ele. Então tem um conflitozinho lá dentro que torna a pessoa mais violenta ainda: “Pois eu vou é fazer, pois eu vou é matar, pois eu vou é bater!”<br /></span></p> <p align="justify"><span style="font-size:100%;"><b>JJ – E essas pessoas que ouvem essas músicas, vão pra esses lugares...</b></span></p> <p align="justify"><span style="font-size:100%;">David – O problema não tá nas músicas. Eles se prevaleceram disso e agora a música está se prevalecendo e vice-versa. Olha, eu queria muito que vocês percebessem que eu não tenho problema nenhum com o forró. O meu problema é com as pessoas, eu tô preocupado com as pessoas.<br /></span></p> <p align="justify"><span style="font-size:100%;"><b>JJ – As pessoas que escutam forró?</b></span></p> <p align="justify"><span style="font-size:100%;">David – Rapaz, as pessoas geralmente, coincidentemente... Eu percebi isso: que esse tsunami tá levando todo mundo, aonde você chega. E tem esse aspecto do dia, porque não é só à noite, é como eu falei: ou a pessoa tá ansiosa porque não está bêbada ou ela está eufórica porque está bêbada ou tá deprimida porque tá cansada. E esse processo, meus queridos, dura três dias, dois dias...<br /></span></p> <p align="justify"><span style="font-size:100%;"><b>JJ – Essas pessoas são felizes?</b></span></p> <p align="justify"><span style="font-size:100%;">David – Felizes? Rapaz, elas são alegres, disso eu sei. Mas felizes... Provavelmente, eu venha um dia a ter certeza que não, não são felizes. A felicidade é uma coisa meio sem graça, sabe? Porque a felicidade precisa de muita aceitação. A felicidade não é você mudar nada, não. A felicidade é você estar bem com o que for que esteja acontecendo. Isso é felicidade. Um conceito meio parecido com o de utopia, né? É uma coisa meio sem graça, as pessoas não querem viver essa felicidade sem graça.<br /></span></p> <p align="justify"><span style="font-size:100%;"><b>JJ – A gente verifica às vezes que músicos com formação erudita vão trabalhar em bandas de forró por causa do salário, que é maior.</b></span></p> <p align="justify"><span style="font-size:100%;">David – Nossa, que informação, hein? Você tem essa informação? Porque, justamente, a informação que eu tenho, a informação que eu tinha no início, era que músicos de pouca formação, de pouca qualidade, vão pras bandas. Veja, existem dois universos: o universo do estúdio e o universo dos shows. Realmente, nos estúdios, as bandas de forró lançam mão dos melhores músicos da cidade, fora os músicos que já acompanham as bandas. Mas, quando é nos shows, aí, geralmente, partem praqueles músicos menos formados, que são os músicos das bandas marciais, banda de Pia Martha, banda da Marinha... Têm muitos desses músicos que tocam metais em banda de forró.<br /></span></p> <p align="justify"><span style="font-size:100%;"><b>JJ – Tem um projeto no Rio Grande do Norte <i>[Banda Municipal de Cruzeta]</i>, que trabalha com formação de jovens em música erudita. Muitos, quando terminam o projeto, vão procurar emprego e acabam encontrando só nas bandas de forró.</b></span></p> <p align="justify"><span style="font-size:100%;">David – Só tem banda de forró!<br /></span></p> <p align="justify"><span style="font-size:100%;"><b>JJ – Por que você acha que o mercado é tão difícil pra outros gêneros musicais, pros músicos conseguirem viver de música?</b></span></p> <p align="justify"><span style="font-size:100%;">David – Por causa da mídia. Não existe espaço pra que as pessoas se acostumem a gostar de outra coisa.<br /></span></p> <p align="justify"><span style="font-size:100%;"><b>JJ – Você acha que isso pode mudar?</b></span></p> <p align="justify"><span style="font-size:100%;">David – Eu acho que pode. Ah, essa pergunta é muito interessante. Daqui a vinte anos, como é que não vai tá isso tudo? Será que não vai ter outra coisa? Agora, uma coisa eu sei: do jeito que está, nós estamos caminhando pra formar, produzir, parir pessoas completamente disfuncionais. Pelo menos, aqui no nosso estado. Tem um monte de problemas incrustados nessa questãozinha aí. É um sentimento de raiva, de inadequação, de diminuição, de desfavorecimento social. “Eu sou desfavorecido, pois agora eu vou assumir, porque a única coisa que faz com que eu seja grande, enquanto fodido, é ter!” Cachaça é um negócio barato, é uma droga baratíssima. Cachaça é mais barato do que cigarro, cara! Eu sou tabagista. É a única droga que eu uso.<br /></span></p> <p align="justify"><span style="font-size:100%;"><b>JJ – Você planeja parar?</b></span></p> <p align="justify"><span style="font-size:100%;">David – Planejo. Sabe que ontem mesmo eu planejei? (risos) O importante, na verdade, é a reflexão, porque, com a reflexão, vem o desejo de parar ou de começar alguma coisa. Parado é que neguinho não faz nada. Parado, neguinho só vai sendo levado.</span></p><p align="justify"></p></div> </div>Alan Santiagohttp://www.blogger.com/profile/05257644097394068561noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6671200909258449997.post-31676371705825290472007-12-07T07:12:00.000-08:002008-12-10T21:02:54.066-08:00A volta dos que não foram<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhF2TYEAEpNsIHIt71Y6atDbNcDIVJ-vNyaxK6Bwu8CcYg94HqH1gFzeP57VnPtRKxUcHuLOoZqllaDx7D54kQTIJMyvr0l_ymOTLin3Zcg8f9QH9t1C3Nnh8rwfIRHSJClqs6yHYXpVyI/s1600-h/JAB%C3%81+-+edi%C3%A7%C3%A3o+44.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhF2TYEAEpNsIHIt71Y6atDbNcDIVJ-vNyaxK6Bwu8CcYg94HqH1gFzeP57VnPtRKxUcHuLOoZqllaDx7D54kQTIJMyvr0l_ymOTLin3Zcg8f9QH9t1C3Nnh8rwfIRHSJClqs6yHYXpVyI/s400/JAB%C3%81+-+edi%C3%A7%C3%A3o+44.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5141252156075733666" border="0" /></a><br />Esta é a capa da edição 44, da primeira quinzena de outubro, do Jornal Jabá que não circulou por falta de verba.<br /><br />Este espaço está aberto para que o Jabá não fique mais tanto tempo assim sem ser lido - e comentado.Alan Santiagohttp://www.blogger.com/profile/05257644097394068561noreply@blogger.com0