por Débora Medeiros
Eu estava entrando na coletiva com o reitor Jesualdo Farias quando recebi a primeira ligação da Lucíola: "Tu tá podendo falar agora? Tenho uma proposta pra ti." A imprensa cearense já se acomodava toda no gabinete do reitor e, apesar de curiosa pra saber o que era a tal proposta, pedi pra ela ligar mais tarde. Descubro na hora do almoço: "Que que tu acha de a gente fazer uma entrevista exclusiva com o Nightwish pro Jabá?" Iríamos atrás dos contatos dos produtores locais da Empire, empresa responsável pela vinda da banda a Fortaleza. Conversaríamos com eles pra ver se era possível. Não hesitei: "Claro! Vamos nos encontrar pra combinar!" A coletiva do reitor tinha sido um sucesso de cobertura em tempo real pro blog (modéstia à parte, havíamos "apenas" dado um furo em todos os veículos de comunicação presentes, hehe) e a equipe inteira ainda estava eufórica. Não poderia haver melhor momento para embarcar em mais uma empreitada típica do Jabá.
Marcamos uma reunião com um dos produtores, que nos passou o contato da assessora de imprensa local. Muito solícita, ela nos disse que ia conversar com a direção nacional do show pra ver se rolava uma participação nossa em coletiva. Na sexta-feira à noite, véspera do show da banda, vimos juntas o e-mail fatídico, avisando que o credenciamento não havia sido aprovado. Nessa hora, quase desistimos, achando que ia ser difícil chegar à banda, já que o acesso à imprensa não era facilitado.
O dia do show chega e nada de encontrarmos uma alternativa aos canais oficiais. Mas jornalista é bicho nojento, e eis que, em pleno sábado de manhã, Lucíola descobre onde eles estão hospedados. Continuava sendo algo incerto, mas nos lembramos das lições do mestre Agostinho Gósson, professor do curso de Comunicação Social da UFC, e decidimos: ficar em casa porque pode dar errado é que não dá, quem não arrisca não petisca! Era meio-dia: foi só o tempo de arrumar o equipamento pra entrevista e partir pra lá com a cara e a coragem. Ah, e caprichamos no visual, pra ficar com cara de jornalistas profissionais e entrar no saguão do hotel sem causar alarde, o que conseguimos na cara-de-pau mesmo!
Já passava das 14h quando sentamos quietinhas no sofá, nos articulando por telefone com nosso editor, Alan Santiago, e esperando que algo acontecesse. Pelas nossas contas, a banda deixaria o hotel para ir passar o som no Arena, o que provavelmente deveria acontecer no final da tarde - talvez até só à noite. O problema mesmo era saber se iriamos durar tanto tempo ali no saguão, já que a equipe do hotel não parava de nos lançar olhares cheios de suspeita. No fim das contas, metaleiro é metaleiro não importa de que forma esteja vestido, o jeito não mente.
Acho até que foi um pouco por isso que reconhecemos tão facilmente o guitarrista Emppu Vuorinen, logo que ele desceu do elevador e se sentou num sofá atrás de nós, fingindo não perceber que o observávamos com o rabo do olho. Não demorou muito até tomarmos coragem e irmos puxar conversa com ele. Nada de entrevistas: "Isso é só com o Tuomas," ele foi logo avisando, assim que nos apresentamos como repórteres do Jabá. Mas Emppu não se recusou a papear conosco sobre os temas mais variados, da cerveja ao preço do sushi. O guitarrista admitiu estar morrendo de fome, eles estavam saindo para almoçar: "O Tuomas disse que tem uma pizzaria aqui perto".
Foi só falar nele e nosso entrevistado apareceu, junto com o baterista Jukka Nevalainen. Antes que os poucos fãs que também haviam conseguido penetrar o saguão chegassem a ele, nos apresentamos e puxamos Tuomas de lado para uma breve entrevista: "Não vai levar mais que cinco minutinhos", prometi. Comecei a arrumar nervosamente o gravador, mas desisti quando vi que o da Lucíola já estava ligado e parti para a primeira pergunta – não dava pra fazer as duas coisas ao mesmo tempo: ou eu olhava nos olhos do homem ou mexia no bendito aparelho; talvez, se tivesse desistido do contato visual, teríamos a entrevista toda, mas isso é outra história.
O fato é que a conversa durou bem mais que cinco minutos. A certa altura, perguntamos: "Você já tem de ir?" E Tuomas balançou a cabeça, tranqüilo: "Não, tudo bem." Ao final, ainda topou tirar fotos conosco e autografar nossos CDs, além de esperar pacientemente enquanto tirávamos fotos com o Jukka (o Emppu parecia ter sumido), antes de partirem para o tão desejado almoço.
Um comentário:
Meninas, vcs são maravilhosas! Não é pq não tinham um crachá ou uma credencial q vcs não deveriam ir! Jornalista é jornalista só com a cara e a coragem! Parabéns pela empreitada!
PS. Parece q conseguir essa entrevista aí foi mais fácil q conseguir a do Caco Barcellos pra revista Entrevista... E olha q esse povo aí se tacou da Finlândia pra cá, vejam só...
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