quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Entrevistas com os candidatos

O debate terminou sem uma palavra sobre o Instituto de Cultura e Arte (ICA), mas o Jabá não poderia deixar o assunto passar em branco. Foi ainda entre apertos de mão e tapinhas nas costas dos correligionários que cada candidato recebeu a proposta de conversar sobre o ICA com nossos repórteres Débora Medeiros e Wanderley Neves Neto. Confira as idéias de Benito Azevedo, Jesualdo Farias e José Carlos Parente sobre o assunto, na ordem em que foram entrevistados.


Benito Azevedo

Jabá: Se o senhor for eleito reitor, qual é a sua proposta pro ICA?

Benito Azevedo: Na verdade, o ICA vai precisar de um remendo. Remendo esse por quê? Porque foram criados cursos, que hoje estão compondo o ICA, pelas gestões anteriores sem condições, simplesmente com o intuito de aumentar o número de vagas da UFC para a sociedade, mas esse número de vagas não foi aumentado ordenadamente. Então, nós temos hoje o curso de Estilismo e Moda que faz parte do ICA, foi recém-transferido do meu Centro [de Ciências Agrárias] e eu conheço bem porque esse curso era co-irmão do meu departamento. Eu fui chefe de departamento e nós sabemos que lá eles têm 70%, 80% ou mais de professores substitutos. Por que isso? Porque fizeram a promessa de criar o curso e não cumpriram a promessa, ou seja, o curso foi apenas criado, depois não teve uma lógica de apoio como deveria ter tido. Assim como se encontra o curso de Jornalismo, da Comunicação Social, que também foi criado dessa forma e também tem um elevado número de professores substitutos. São professores que não têm aquele compromisso, vínculo, com a Universidade Federal do Ceará. Então, nós teríamos que fazer um remendo pra tapar buracos, vamos assim dizer. E, sendo reitor, tudo o que fosse feito para o ICA ia ser planejado com coerência e determinação, pra não criar um problema para os futuros gestores. Ou seja, toda obra, toda ação na minha gestão com certeza não trará problemas para as outras. E essa gestão, se eu receber, eu tô recebendo com problemas, no curso de Medicina do Cariri, no curso de Medicina de Sobral, no Estilismo e Moda, no Jornalismo... Nós teríamos que passar um bom tempo saneando, assim, a universidade.

Jabá: E no caso da criação de vagas pra professores efetivos com a criação do ICA, como ficaria?

Benito: Pois é, isso aí ia ter que ser decidido na comunidade. Por quê? Eu também não posso pegar os outros cursos que tão necessitando de vagas e remanejar todas as vagas pro ICA. Por quê? Se nós temos esses quatro cursos citados com problema de vaga, se eu tirar vagas de outros cursos, o que é que vai ocorrer? Ao invés de quatro cursos com problema gravíssimo, eu terei quatro com problema grave e uns 40, 50 cursos com alguns problemas. Mas nós teremos que, gradativamente, nos concursos, ir colocando um número de vagas maior pros cursos mais necessitados, mais prejudicados. Portanto, os alunos do Estilismo e Moda, os estudantes de Jornalismo, da Medicina no Cariri e em Sobral e de outros cursos que venham a ter o mesmo problema, eles não têm culpa. Eles tão aqui na Universidade Federal do Ceará e eles merecem ter um ensino de qualidade, um ensino realmente que possa capacitá-los para colocá-los no mercado de trabalho.

Jabá: E quanto ao Reuni [Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais], qual o seu posicionamento?

Benito: O Reuni, eu acredito que ele tá completamente equivocado, partindo do princípio de que ele não passou pelo crivo da UFC. Quer dizer, os estudantes fizeram algumas movimentações, eles fizeram algumas poucas reuniões aonde nós não tínhamos vozes, vozes dos estudantes e dos professores. Os próprios professores. Eu não me sinto escutado pelo Reuni, então eu não posso defender o programa. Ele é um programa do Governo Federal pra inchar a UFC hoje. Porque, se nós tamos com um problema de vaga pra professor, como é que nós vamos criar um programa pra aumentar o número de vagas? Nós, na gestão da UFC, o primeiro passo que nós pensaríamos em dar seria abrir cursos noturnos, ou seja, com os mesmos professores: o professor que dá aula de manhã e de tarde, ele taria de tarde e de noite. Ou seja, os professores fariam opções de horários pra que o estudante carente, digamos assim, o estudante que não tenha sido abonado pela sociedade, que não nasceu na classe média ou média pra superior, ele tenha condição de trabalhar e manter seus estudos, porque nós temos conhecimento que mais da metade da evasão escolar na UFC são de estudantes carentes que não têm condição de permanecer na universidade. Então, esse é um problema gravíssimo que nós temos que combater, mesmo antes até da criação de vagas, ou seja, remanejar professores para o turno da noite, de forma que os estudantes, todos os estudantes, possam se manter, alguns sem trabalhar, os mais abastados, mas que a gente dê condições, pelo menos, de o estudante carente fazer um curso com dignidade, com competência, com dedicação. E que no futuro ele represente a nossa universidade como nós queremos: forte, com referência nacional.


Jesualdo Farias


Jabá: Pode-se dizer que o processo do ICA está em um estágio avançado?

Jesualdo Farias: A etapa mais complexa do processo foi a consolidação do ICA enquanto Unidade Acadêmica. Então, nós acompanhamos a comunidade na discussão. Iniciou-se essa discussão ainda no ano passado (podemos dizer que foi mais de um ano de discussão): a comunidade encontrou um consenso, aglutinou as diversas áreas que vão compor o ICA; o Conselho Universitário aprovou a criação da Unidade Acadêmica; a Administração Superior da Universidade apóia e compreende a importância dessa nova Unidade Acadêmica; e, agora, nós estamos, eu poderia dizer, numa etapa final de estruturação do projeto no que se refere à estrutura física para que a gente possa encaminhar essa documentação para o Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional], que, por sua vez, vai fazer toda a análise para definir a localização dessa estrutura lá no Alagadiço Novo. Então, no momento, até onde venho acompanhando, nós estamos cumprindo o cronograma; é nosso desejo começar as obras ainda este ano. Naturalmente, estou aqui falando na qualidade não de candidato a reitor, mas de reitor em exercício, que estarei já a partir da próxima sexta-feira retornando às atividades. Inclusive, estamos já com vagas para professor destinadas a essa nova Unidade, que, na última reunião do Conselho Universitário e do Centro [de Humanidades] teve a sua estruturação gerencial e funcional aprovada.

Jabá: E, como candidato a reitor, quais são as perspectivas para o ICA?

Jesuldo: Se nós formos reitor da Universidade, eu tenho dito isso sempre, o ICA vai receber um tratamento muito especial, porque nós compreendemos essa nova Unidade Acadêmica como uma Unidade que vai fomentar várias demandas, principalmente na área de cultura, já que nós estamos com essa dívida. A Universidade, que já pautou a cultura do estado do Ceará, hoje está praticamente à margem desse processo. Então, nós queremos reconquistar a posição de vanguarda nesse processo, e temos uma esperança muito grande de que o ICA seja esse indutor. E nós queremos revitalizar espaços como o do nosso Teatro Universitário, intensificar mais as utilizações de outros espaços como o nosso Museu [de Arte da UFC, MAUC], a nossa Casa Amarela, a própria Concha Acústica. E, por que não dizer, criar outros espaços, porque nós compreendemos que o que está faltando hoje, na verdade, é a vivência acadêmica; nós temos bons gestores, nós temos pessoas preocupadas, nós temos pessoas que trabalham até sem muitas condições de apoio físicas, condições de pessoal, mesmo de recursos, mas eu compreendo que as coisas só vão acontecer na intensidade que a gente espera quando tivermos atividade acadêmica plena de diversas áreas, não só da cultura, mas da arte, e isso tudo vai contribuir para novos projetos, para novos eventos e para a gente voltar a ser vanguarda e voltar a pautar a arte do estado do Ceará.

Jabá: O senhor pensa que algum dos outros candidatos, caso seja efetivado como reitor, continuará o projeto do ICA?

Jesualdo: Isso você tem de perguntar a eles. O meu compromisso é de manter o projeto, até porque é compromisso de quem criou a Unidade. Criamos e vamos consolidá-lo, com certeza, se formos reitores.


José Carlos Parente


Jabá: Então, professor, qual a sua proposta pro ICA?

Parente: O Instituto de Cultura e Arte é uma proposta antiga que foi materializada na gestão do professor René. A cultura e arte eu vejo como um dos quatro elementos que são essenciais ao desenvolvimento da pessoa, juntamente com a tecnologia e a ciência. Particularmente, eu, pessoalmente, não teria nenhuma proposta minha pra esse Instituto de Cultura e Arte. Bem entendido: eu não saberia qual a feição que ele deve ter, como é que ele deve ser. Quando reitor, eu reuniria, coordenaria um trabalho junto com a comunidade e com os responsáveis pelos equipamentos de cultura e arte da UFC, pra que a gente pudesse fazer um programa, um projeto que de fato fosse representativo das artes e da cultura do ceará, inicialmente. Também defenderia, junto à comunidade, que esse instituto pudesse, de forma bastante clara e viva, fazer uma ligação entre as manifestações culturais que estão dentro da universidade e seus equipamentos culturais com a comunidade que está no entorno dos campi da UFC. Sem esquecer que a arte e a cultura não são, assim como ciência e tecnologia, não são algo que está desvinculado, não são algo que seja estanque num determinado local, que esse instituto e a comunidade própria dele pudessem encontrar meios que as manifestações culturais que são próprias nossas possam ser difundidas pra fora da universidade, pra fora da comunidade e pra fora do Ceará. Assim como também absorver ou trazer pra dentro do Ceará e da UFC manifestações culturais que sejam de outros locais. Enfim, nós defendemos um projeto em que cultura e arte também possam ser democratizadas, possam respeitar diferenças, possam primar pela liberdade de expressão, que são bem essenciais em uma universidade que quer ser pública, democrática, gratuita, de qualidade, com referência na sociedade.

Jabá: Professor, quanto aos cursos que estão no interior do Instituto agora, qual seria a participação deles na construção desse projeto?

Parente: Olhe, todos os cursos que o Instituto de Cultura e Arte tem no seu interior teriam que se manifestar, a sua comunidade se manifestar, e se agregar a esse projeto maior de tornar a cultura e a arte dentro da UFC um projeto que possa utilizar, aproveitar, difundir a cultura e a arte dentro da nossa comunidade. Por exemplo, o curso de Estilismo e Moda, durante muito tempo, foi um curso de feição estranha dentro do Centro de Ciências Agrárias. Era algo que era incompreensível como um curso dessa natureza estava naquele local. Agora, ao ser parte do Instituto de Cultura e Arte, ele está num local que lhe é próprio, porque moda e estilismo, a gente pode contar histórias de cultura e arte, tendo como base o modo como a humanidade se vestiu. Quer dizer, roupa, se a gente diz de uma forma genérica, não é só uma forma da gente se proteger contra o clima, é também uma forma de se manifestar o gosto interior do ser humano, não é só proteção: é proteção aliada com manifestações do interior das pessoas e também manifestações da pessoa com o meio em que ela está inserida.

Jabá: O professor Jesualdo afirmou que o projeto do ICA está em uma etapa final, inclusive falou da possibilidade do início das obras ainda esse ano. O senhor pararia esse processo e voltaria a essa fase, como o senhor falou, da discussão?

Parente: Olhe, eu sempre defendi e continuarei a defender que nós tenhamos uma universidade em que a comunidade participe. Por exemplo, eu sou um professor que conheço uma quantidade razoável de informações dentro da UFC, eu acompanho várias discussões e, sinceramente, ao longo do estabelecimento desse Instituto de Cultura e Arte, muito pouco de discussão foi feita. Se a gente sair a perguntar à comunidade da UFC o que é Instituto de Cultura e Arte, como é que ele está sendo realizado, pouca gente saberá. Por quê? Porque as decisões na universidade são tomadas por grupos restritos de pessoas. A gente não vê tanto uma discussão geral do que acontece dentro da universidade. Parar as obras ou parar o projeto do Instituto de Cultura e Arte talvez não fosse a solução a ser tomada, mas certamente, eu reuniria a comunidade, pra ouvir dela se o que está sendo feito está, de fato, privilegiando, se estão sendo consideradas as discussões daqueles que fazem a comunidade deste importante ramo de atividade que é a cultura e arte. Então, parar não seria a decisão tomada a priori. Se a comunidade chegasse à conclusão de que outra feição deveria ser feita, nós com certeza acataríamos a decisão da comunidade envolvida.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Um debate de fôlego, uma corrida contra o tempo

A UFC enfrenta, mais uma vez, um processo de sucessão de última hora. O último havia se iniciado em plenas férias do semestre 2006.2, quando o reitor René Teixeira Barreira renunciou ao cargo, para assumir a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior do governo Cid Gomes. O resultado foi a eleição do então vice-reitor, Ícaro de Sousa Moreira em março de 2007. As eleições atuais ocorrem após a morte súbita do professor Ícaro, vítima de um infarto fulminante abril passado. Segundo o Ministério da Educação (MEC), o vice-reitor, Jesualdo Farias, só poderia ter assumido como reitor caso Ícaro houvesse cumprido pelo menos metade do seu mandato. O MEC, então, determinou que fossem realizadas novas eleições. O Conselho Universitário (Consuni) cogitou até mesmo a elaboração de uma lista tríplice sem consulta prévia à comunidade acadêmica, mas a medida não foi aprovada. E, assim, teve início mais um processo eleitoral com pouco tempo hábil para discussão, como prova a realização do primeiro e único debate entre os candidatos apenas dois dias antes da votação.

Segunda-feira, 18 de agosto, 10 horas da manhã. O Auditório Castello Branco estava lotado: acomodados nas poltronas e no carpete azuis, figurões do alto escalão administrativo da UFC, professores, servidores, jornalistas e estudantes aguardavam o início do debate entre os candidatos a reitor. Em poucos minutos, os professores Jesualdo Pereira Farias, Benito Moreira de Azevedo e José Carlos Parente de Oliveira foram chamados, nessa ordem, a compor a mesa, cada um arrancando palmas de seus respectivos apoiadores.

Desde esse momento, era perceptível a atmosfera que permaneceria ao longo do debate, algo como um duelo entre torcidas organizadas, com direito a uniforme (a sala estava coalhada de camisas azuis, dos eleitores de Jesualdo Farias, e de camisas brancas, de quem votaria em Benito Azevedo; os apoiadores de José Carlos Parente traziam adesivos no peito), gritos e deboches, os quais, mais tarde, levariam o professor Benito a repreender a audiência: "Me surpreende ver professores de cargos comissionados agindo dessa forma", disse. "Isso é democracia, ouvir o que não se quer também".

Mas não nos adiantemos aos fatos. Agora que o leitor sentiu o clima, vamos aos pontos altos do debate, que durou cerca de duas horas, divididas em quatro blocos. Apenas a Associação dos Docentes da UFC (Adufc) participou da organização. O Sindicato dos Servidores da UFC (SintufCE) e o Diretório Central dos Estudantes (DCE) afirmam não concordar com o processo não-paritário.

1º bloco: apresentações

Cada candidato teve seis minutos para fazer uma apresentação geral de si próprio e de suas propostas. Por sorteio, Jesualdo Farias foi o primeiro a falar. "Compreendo que o vice-reitor, de acordo com o que postula nosso estatuto, deveria dar continuidade ao mandato", afirmou, acrescentando, no entanto, que fora favorável à consulta à comunidade quando da votação no Consuni da determinação do MEC. Jesualdo qualificou seu mandato junto ao reitor Ícaro Moreira como "um ano e dois meses de realizações", das quais destacou o que considera melhorias na assistência estudantil, como a oferta de refeições vegetarianas no Restaurante Universitário e o aumento na quantidade de bolsas, assim como em seu valor, que passou de R$200 para R$ 300. Anunciou, ainda, a construção de duas novas residências estudantis: uma no Benfica e uma no Pici.

Benito Azevedo, por sua vez, passou cerca de cinco dos seis minutos de sua apresentação detalhando a própria trajetória acadêmica, com ênfase na sua atuação no movimento sindical, através da Adufc (Associação dos Docentes da UFC), e administrativa, como chefe do departamento de Engenharia Agrícola. Benito afirmou defender a paridade em todas as instâncias decisórias da universidade, além das eleições, e conclamou aqueles que concordam com ele a participarem da consulta: "Eu acho que a melhor resposta de estudantes e servidores a quem é contra a paridade é derrotando na urna". Quanto à sua proposta como candidato, disse apenas: "A minha proposta... Não tem proposta", o que provocou risos em parte da audiência. Ele explicou, então, que tudo seria decidido junto à comunidade universitária.

José Carlos Parente pouco falou de sua trajetória de mais 30 anos na UFC, optando por anunciar que, se eleito, seu primeiro ato seria instalar uma estatuinte. "O autoritarismo desse estatuto fomenta o continuísmo", acusou, prometendo que "o novo estatuto será atual, preciso e democrático". Outra medida defendida por Parente é a descentralização do orçamento universitário. Segundo ele, a configuração atual, em que as verbas estão concentradas nas mãos do reitor, leva os diretores de centro e chefes de departamento a "mendigar" pelos corredores da Reitoria, quando precisam de financiamento para projetos ou dinheiro para algum conserto emergencial. O candidato também disse exigir transparência no que diz respeito às fundações privadas existentes na UFC, como a Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura (FCPC): "A falta de transparência é tal, que nós não sabemos o que acontece nas fundações privadas", disse.

2º bloco: cobranças e indagações

Os candidatos puderam fazer perguntas entre si, com direito a réplica e tréplica. Benito perguntou sobre a opinião dos outros dois professores sobre a paridade e se eles concordariam em retirar suas candidaturas até que fosse possível realizar eleições paritárias. Jesualdo afirmou que a proposta já foi submetida ao Consuni, mas disse que a paridade só seria possível de fato com a conquista da autonomia plena, desvinculando o resultado das eleições da aprovação do presidente da República. Parente afirmou que seu desejo era que as eleições atuais já fossem paritárias e contra-argumentou: "Que moral tem alguém pra ir ao MEC pedir autonomia quando as decisões ainda são tomadas de forma autoritária na universidade?", ao que Jesualdo respondeu ser a autonomia um compromisso não só de sua candidatura, mas de sua gestão anteriormente. "É só compromisso que se quer?", indagou Parente. "O compromisso que mais vinga nessa universidade é a troca de cargos, é a troca de empregos", acusou.

Benito refez o convite aos candidatos para que retirem suas candidaturas, assinalando que nenhum deles havia respondido. Parente, então, mostrou um documento assinado por ele, em resposta afirmativa à pergunta.

Parente perguntou a Jesualdo o porquê de sua permanência no cargo de vice-reitor durante e mesmo depois das eleições, caso perca na consulta. Segundo o professor, isso contraria o estatuto da UFC, ao que Jesualdo replicou: "Eu gostaria que o senhor lesse o nosso estatuto, porque parece que o senhor só está interessado nas regras aplicadas a consultas feitas em circunstâncias de normalidade. A UFC está passando por um processo de excepcionalidade".

3º bloco: o público se manifesta

Das três perguntas lidas pelo mediador, a do servidor César Pontes foi a mais abrangente, pedindo que os três candidatos avaliassem a atual gestão. Jesualdo foi o primeiro a responder, listando ações nas áreas de extensão, assistência estudantil, pesquisa, graduação e pós-graduação, inclusive com a criação de novos cursos. Parente citou o contexto nacional de fomento ao Ensino Superior e acusou Jesualdo de tomar para si méritos que não eram dele: "Não dá pra dizer que todo esse blábláblá é seu, essa universidade caminha com pés próprios, a administração superior muitas vezes atrapalha", disse. Já Benito reforçou o caráter participativo que sua gestão teria: "Eu faria tudo isso com a comunidade e melhor", garantiu, mais uma vez provocando deboches do público.

4º bloco: pedidos de participação

Por cinco minutos, cada candidato fez suas considerações finais, com pedidos de votos e de participação da comunidade universitária. Benito assinalou que Jesualdo não havia se manifestado quanto à proposta feita por ele para retirar as candidaturas até que se pudessem fazer eleições paritárias.

Parente disse perceber "um riso de desfaçatez" entre os ocupantes de cargos comissionados (cargos de confiança) presentes no debate. "Aqui, só quem consegue as coisas é quem verga as costas, mas ainda há pessoas que não aprenderam a vergar as costas", bradou, acusando Jesualdo de pertencer a uma "oligarquia", no poder desde antes dos tempos do reitor Roberto Cláudio, do qual o reitor René Barreira já fora vice.

Jesualdo disse lamentar "profundamente" estar participando de uma consulta para reitor naquele momento, pois esta só estava acontecendo devido ao falecimento do reitor Ícaro Moreira. "O professor Ícaro não saiu pra ser vice-reitor conduzido por uma oligarquia, mas pelos méritos dele", disse Jesualdo, repelindo as acusações de Parente.

Com isso, o debate foi encerrado. Quer todos os esclarecimentos necessários tenham sido prestados em duas horas ou não, esta foi a última oportunidade para ouvir as propostas de cada candidato antes da votação. Mas você ainda pode acessar a página referente à consulta no site da UFC e tirar as próprias conclusões. Se se sentir seguro para votar, apareça em alguma das seções espalhadas pela universidade nesta quarta, dia 20. Confira os horários de funcionamento e localizações de todas elas aqui.

AINDA HOJE NO BLOG: Entrevistas exclusivas com os candidatos sobre o Instituto de Cultura e Arte (ICA).