Como tantos poetas, Tuomas Holopainen prefere escrever quando está em casa, durante a tranqüilidade das manhãs. Seus versos tratam de cascatas purpúreas, do imenso oceano a ocultar segredos nórdicos (para ele, o mar é "a coisa mais bela do mundo"), de uma saudade que nem existe na língua dele, da inocência sem a qual a esperança se torna ilusão, da passagem das horas que nos paga amargamente com terra e pó. Apesar de bastante pessoais, seus poemas são entoados por milhares de pessoas, como se falassem dos sentimentos de cada uma delas, mesmo que provenham de realidades completamente distintas.
O tecladista da banda finlandesa de heavy metal sinfônico Nightwish é um homem tímido e gentil, humor tipicamente finlandês. A banda que ele integra é uma das pioneiras no segmento do heavy metal com vocal feminino - pioneirismo atualmente incorporado pela voz da sueca Anette Olzon, que substitui Tarja Turunen e acompanha a banda pela primeira vez na turnê do álbum Dark Passion Play. Aliás, esta é uma turnê que vem tendo "muitos altos e baixos, muitas noites mal-dormidas", como relata Tuomas com um meio-sorriso.
No contato com a mídia, que se torna mais intenso à medida que cresce o sucesso da banda, Tuomas assume o posto de porta-voz do Nightwish - sendo ele um dos fundadores e o principal compositor da banda. Foi nessa condição que, de partida para um almoço tardio (já passava das 14h), Tuomas concedeu uma entrevista exclusiva às nossas repórteres Lucíola Limaverde e Débora Medeiros no saguão do hotel onde a banda está hospedada, duas horas antes da passagem de som do show a ser realizado esta noite de 15 de novembro, às 20h, na casa de espetáculos Arena.
Jabá: Vocês fazem turnês desde o primeiro CD [Angels Fall First, lançado em 1997]. De que forma as turnês evoluíram, daquela época até agora?
Tuomas Holopainen: As turnês se tornaram profissionais demais, por assim dizer, porque nosso sucesso cresceu e nós passamos por mais lugares, tocamos em lugares maiores. Então, por exemplo, no começo, nós tocávamos em bares pequenos, lugares desse tipo, havia um sentimento intimista. E sabe, nós mesmos montávamos o nosso equipamento. Agora, durante os últimos anos, nós temos muitos técnicos cuidando de todo mundo, eu não sei mais nem montar o meu teclado. Então, a turnê se tornou bem maior, por assim dizer, e também mais profissional.
Jabá: Isso é bom, ruim...? Você sente falta dessa época?
Tuomas: Eu sinto, na verdade, porque naquela época tudo era novidade, sabe, vir pela primeira vez para o Brasil... Eu ainda acho que aquela ("Wishmaster World Tour", em 2000) talvez tenha sido a turnê mais memorável que nós tivemos e nós estivemos aqui quatro vezes depois disso, já sabemos meio o que esperar. O choque positivo inicial se foi. Então, eu sinto um pouco de saudades daqueles dias, sim.
Jabá: Sobre este álbum, você disse que ele contém a música mais pesada da história do Nightwish, Master Passion Greed. E no próximo, haverá outras músicas bem pesadas também?
Tuomas: Eu não tenho idéia, na verdade (risos).
Jabá: Você tem cerca de quantas músicas prontas? Umas quatro...
Tuomas: Cerca de duas.
Jabá: As letras e as melodias?
Tuomas: As melodias e as idéias, mas é realmente impossível dizer como o próximo álbum vai soar. Eu tenho muitas idéias, mas ainda resta vê-las.
Jabá: Você tem idéia de quando o próximo álbum deve sair?
Tuomas: Não antes de 2010, isso é certo.
Jabá: Em que momento você escreve melhor suas músicas? Como você compõe?
Tuomas: Não preciso de um momento ou lugar específicos, na verdade, pode acontecer em qualquer lugar. Mas, em alguns aspectos, seria pela manhã, esse deve ser o melhor momento para eu compôr: de manhã cedo, quando eu acordo. No inverno é sempre melhor que no verão e em casa é sempre melhor que em qualquer outro lugar, como, por exemplo, nas turnês.
Jabá: Seu lar, seu país, seria o melhor lugar para compôr?
Tuomas: Sim, eu realmente acho que sim, porque cada uma das músicas do Nightwish que eu escrevi foi composta mais ou menos em casa.
Jabá: Você se inspira muito na Finlândia?
Tuomas: Sim. Na neve, na natureza, no povo, em tudo. É o meu lar, o lar é muito inspirador para todos nós.
Jabá: E qual a diferença entre o público finlandês e o do resto do mundo?
Tuomas: Não tem muita diferença, na verdade, porque quando se trata dos fãs desse tipo de música, eles são bem parecidos no mundo todo, de certo modo. Vocês apenas mostram isso melhor. Na Finlândia, não tem gente assim, vindo te ver no hotel [refere-se aos fãs que aguardavam a banda na calçada do hotel]. Eles ainda gostam de você, só que são mais reservados. E isso tem a ver com a mentalidade do povo: nós somos um pouco mais calmos, introspectivos, sem mostrar nossas emoções.
Jabá: Quais são seus planos para quando a turnê acabar?
Tuomas: Vamos tirar uns dois meses de férias, quando iremos a algum lugar totalmente afastado. E, depois disso, começar a escrever as músicas e, talvez, por volta do começo de 2010, vamos para os ensaios e depois entramos no estúdio e começamos a trabalhar no próximo álbum. A idéia é essa, mas a vida é muito estranha, você nunca sabe o que vai acontecer, pra onde você vai... O mais seguro é não pensar demais nisso, só fazer alguns planos e ver o que acontece.
sábado, 15 de novembro de 2008
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6 comentários:
1. Muito bacana a entrevista, Débora e Lucíola. Primeiro por causa da inciativa e da disposição de ir atrás e de provar que é possível fazer entrevistas com pessoas requisitadas para um jornal independente, basta a cara e a coragem(e um pouquinho de sorte, é claro).
2. Gostei do texto, mas acho que vocês poderiam ter segurado um pouco mais a onda nos elogios. É claro que vocês são fãs e não tem, nem devem esconder isso, mas seria mais bacana um texto falando de toda a experiência, de esperar no hotel, os fãs lá foram, as circunstâcias da entrevista. Acho que ficaria mais rico e mais ''objetivo'', sem deixar de ter a presença de vocês bem marcada.
Enfim, só alguns pitacos. Sei que vocês fizeram agora e já tão ansiosas pelo show. Boa apresentação e tragam uma resenhazinha dele!
Bjos
Valeu pelo feedback, lôro :) E essa parte das impressões é justamente a próxima postagem nossa, é que hoje não deu pra escrever ;)
Em breve, também uma resenha do show, que terminou cedo, mas foi muito bom!
Olá meninas, eu sou o Esdras, akele que falou c vcs no hotel e q falou c a Débora dps do show do nightwish.
Bem, queria parabenizá-las pela entrevista, o Tuomas apesar de timido sou recepcionar mt bem os fãs; eu e outros fãs ficamos chateados com outros membros, principalmente a Anette que podia nos ter recepcionado lá mas td bem. O show foi realmente um espetáculo e é isso aew. Vlw por nos conceder essa entrevista e boa sorte pra vcs duas em td na vida..
Bye..
;*
Muito boa a entrevista!Parabens as reporters...
E digo isso como uma fã do Tuomas;)
Muito boa a entrevista,otimas perguntas.
Ele pareceu ser bem gente boa mesmo. Legal ver isso num musico de uma banda que chegou ao ponto q o nightwish chegou.
Achei interessante o que ele disse sobre as sensações que havia antigamente,quando eles mesmos montavem seus equipamentos e iam aos paises pela primeira vez.
Ola, novamente voltando aki, parabenizando novamente pq agora vcs tao no WHIPLASH, um site especializado de heavy metal..
http://whiplash.net/materias/entrevistas/080192-nightwish.html
;)
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