quinta-feira, 10 de abril de 2008

Sete comentários à-toa

Primeiro, deixo bem claro: não sou nem um pouco antipático à idéia (por enquanto, é só o que temos) do ICCA. O Instituto é bastante necessário, bem-vindo, providencial, esperado, ansiado, desejado e mesmo amado antes de sequer ser concebido. Mas, aqui no Benfica, integrado aos demais equipamentos da UFC (Casas de Cultura, Casa Amarela, Rádio Universitária, MAUC e os outros cursos da área de humanas, como ciências sociais, filosofia, história, letras, direito, biblioteconomia, arquitetura que, lembrem-se, NÃO VÃO para Messejana na nossa lancheira), e não lá na baixa da égua. É sempre bom repetir as coisas. Dito isso, sigo. Vou fazer uns comentários meio soltos e, em seguida, tentar amarrar tudo.

1. Não fica clara na matéria da Débora (não como devia) a posição da gestão do diretório acadêmico do curso de comunicação social da UFC. Faltou uma fala mais objetiva de alguém do DA. E uma pergunta bem simples: o DA é contra ou a favor? No final das contas, fiquei com a impressão de que eles são contra a mudança. Mas com a dúvida: são mesmo? Se são, por quê? Do contrário, a mesma coisa: por quê? No meio do balaio, alguém se desculpa por uma aparente contradição (dissemos sim ao projeto e agora o rejeitamos). Ou isso ou a maconha que estou fumando tá bichada.

2. Após a leitura, tive a clara certeza: a decisão do departamento foi tomada de afogadilho (porque o dinheiro tava ali e ninguém pode dispensar tanta grana sem se sentir culpado depois). Pelo visto, eles querem que a nossa também seja. Mas dentro de certos limites. Trata-se de uma questão intramuros, “doméstica”, tipo marido e mulher. A sociedade que paga os nossos estudos não precisa ficar se metendo nisso. Os demais campi da universidade e os jornais, que devem informar essa mesma sociedade, também. Não entendo... Não mesmo. Alguém pode me explicar por que essa roupa suja tem que ser lavada em casa?

3. Serão destinados ao projeto do ICCA 41 milhões até o final do governo Lula. Fica faltando a bagatela de 79 milhões, que deve ser parcelada e encaminhada à UFC até 2012. Mas não tudo: eles não sabem dizer quanto virá diretamente do Reuni (o grosso, eu sei. Mas exatamente que percentual?) e quanto das tais emendas parlamentares, que, como leitor de jornais e estudante, fico pensando: esse negócio é mesmo seguro? Não pode melar de uma hora pra outra? E se o quadro político muda, como ficamos?

4. Amargar a denominação de “unidade acadêmica” é a única razão para não irmos brincar de esconde-esconde no Pici?! Alguém pensou no projeto não tão faraônico, mas que poderia funcionar como meio-termo nessa história: irmos pro Pici e ficarmos com um dinheirinho. E bem pertinho de casa. Quem sabe, um terço dos 120 milhões... Foi só uma sugestão.

5. Quero comentar este trecho da fala da nossa chefe de departamento. A Márcia Vidal, por quem tenho o maior apreço do mundo (foi minha professora de jornalismo comunitário), fez os estudantes entenderem que a permanência do curso de comunicação no Benfica está descartada. O motivo: nosso prédio estaria em “colapso” (recentemente, foi concluída a reforma ou construção, não sei bem, de dois estúdios nesse caquético prédio). Daí fiquei pensando: a ida para o quintal do Zé D’alencar é incerta (não podemos construir nada em área tombada); para o campus das mangueiras (Pici), a mesma coisa (não queremos ser unidade acadêmica); e, por último, ficar no Benfica não está nos planos de ninguém. A pergunta é: e se tudo der errado, pra onde iremos?!

Eu tenho uma sugestão: por que não construir um campus bonitinho lá em Guaramiranga? Seria realmente muito bom já estar lá a cada fevereiro e mesmo nos fins de ano, com o friozinho invadindo as salas de aula ou refrescando as reuniões de pauta de JABÁ. Entre uma aula e outra, vinho, cantoria e viola. Se querem mesmo incrementar as nossas festinhas (nunca fui a nenhuma, mas aceito a boa intenção), por que não Guará? Sem contar que o metro quadrado de lá é bem carinho e, se formos pensar em crescimento urbano ou mesmo no papel de fomentador da universidade pública, nada mais justo que contribuir para o desenvolvimento do pequeno município. Podemos fazer um jornalzinho denunciando o desrespeito à área de proteção ambiental e falta de vergonha da Semace, que autoriza construções a torto e a direito (inclusive a do nosso novo campus, hehe). Gestores: pensem nisso com carinho.

6. Pensei que tivesse terminado, mas continuo. Esqueci de falar do problema do mestrado em comunicação. Pois bem. A chefe alertou: podemos ser reprovados no exame do Capes caso fiquemos no Benfica. Aí chega a minha vez de perguntar: isso seria culpa de quem? Exclusivamente da política de expansão irresponsável levada adiante pela reitoria da UFC e replicada nos cursos. Por que digo isso? Cheguem mais perto e ouçam: nosso mestrado não foi criado pra funcionar em Messejana, mas no Benfica, no exato local onde se encontra ou, no máximo, no Pici, visto que o projeto de criação de mais um campus no quintal do Zé não havia sido sequer esboçado (se não existe nada de concreto hoje, há quatro meses é que não tinha mesmo). Por essas e outras, isso tem toda a pinta de desculpa (mais uma) que não cola muito bem.

7. Ninguém tá dando a devida atenção a uma promessa de campanha do Ícaro: reavivar o corredor cultural do Benfica. Na reunião de esclarecimento com a Márcia, o W. Jr. mencionou o assunto. Acho isso importante. Afinal, o ICCA esteve previsto pra funcionar no Benfica. Havia, portanto, a compreensão de que a coisa poderia mesmo ser construída por ali. No final, todos ganharíamos com isso. De repente, a mudança. Por quê?

quarta-feira, 9 de abril de 2008

“A roupa suja a gente lava em casa”

Fazia tempo que a torrinha do Diretório Acadêmico Tristão de Athayde (DATA) não via tanta gente. Ainda que, numericamente, representassem, no máximo, 10% do contingente total do curso, estudantes de quase todos os semestres compareceram ontem, 8 de abril, ao encontro com a chefe do Departamento de Comunicação Social, professora Márcia Vidal.

A iniciativa partiu da gestão atual do DATA e visava prestar esclarecimentos sobre o Instituto de Comunicação, Cultura e Arte (ICCA), assunto que vem causando polêmica nos corredores da universidade desde que a implantação do ICCA na Casa de José de Alencar, em Messejana, foi aprovada em uma reunião de departamento no dia 26 de março.

Inicialmente, Márcia explicou o projeto e relatou um episódio semelhante, que ocorreu quando ela era estudante de graduação do curso. À época, foi levantada a possibilidade de o curso se mudar para o Campus do Pici, idéia que encontrou oposição entre grande parte dos estudantes e dos professores do Departamento. “Há 20 anos, quando os professores negaram a nossa ida ao Pici, eles comprometeram o nosso futuro”, constatou, remetendo à situação atual, em que o ICCA representa outra possibilidade de mudança de sede para o curso, à qual a professora se declara favorável.

Os estudantes aproveitaram a oportunidade para tirar dúvidas quanto ao projeto e questionar a pressa com que foram tomadas algumas decisões, o que inviabilizou discussões prévias. Lorena (3J), integrante da gestão atual do DATA, explicou que a própria representação estudantil só foi avisada da pauta da reunião de departamento na qual se aprovaria com unanimidade a mudança para Messejana na noite anterior ao 26 de março e, por isso, não pôde consultar os estudantes para definir uma posição. “Quanto tempo nós tivemos pra pensar? Uma noite? Realmente, é contraditório a representação estudantil se posicionar a favor do projeto na hora e, agora, mudar de posição”, disse. “Mas essa decisão foi realmente tomada entre 5 pessoas [membros da gestão] e vocês têm liberdade de se posicionar de outra forma”.

Vários estudantes levantaram objeções ao projeto, como o abandono da promessa de campanha do reitor Ícaro Moreira de revitalizar, através do ICCA, o corredor cultural do Benfica, composto pelo Museu de Arte da UFC (MAUC), o Teatro Universitário e a Casa Amarela Eusélio Oliveira. O professor Wellington Júnior, que também assisia à reunião, apontou que transferir o Instituto para a Messejana “é dizer que esse corredor vai continuar entregue às moscas, já que não tem dinheiro pra ele”.

As verbas para construção do ICCA não podem ser utilizadas para outros fins que não a criação de cursos e campi novos, conforme esclareceu Márcia Vidal. Segundo ela, o dinheiro também foi a razão para que tudo fosse decidido tão rapidamente. “A verba chegou e nós tivemos de decidir logo, antes que ela fosse pra outro lugar”, disse a professora. Cerca de R$ 3 milhões é a quantia já disponível para iniciar as obras. Até o fim do ano, estão previstos mais R$ 14 milhões, aos quais devem se somar R$ 24 milhões ao longo de 2009. O total de verbas a serem liberadas até 2012 é de R$ 120 milhões. Grande parte dessa quantia deve ser proveniente do Reuni, mas a administração da universidade também conta com a contribuição das chamadas verbas de bancada, requeridas por deputados e senadores e, segundo Márcia, já aprovadas para este ano.

Outro ponto lembrado na reunião foi que a construção do Instituto na Messejana ainda não é dada completamente como certa. A Casa de José de Alencar e seus arredores são tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e, portanto, não poderiam receber novas construções em sua área. De acordo com Márcia, a assessoria jurídica da universidade está lidando com essa questão. Outra possível localização para o ICCA é o Campus do Pici, que só não é o plano A porque, na opinião da professora, “seríamos apenas mais uma unidade acadêmica”.

A permanência no Campus do Benfica não é cogitada. De acordo com Márcia, a estrutura do prédio do curso está em “colapso”, apesar das reformas por que tem passado. A professora revelou projetos de abertura de novos cursos de especialização e até mesmo de um Centro Internacional de Aperfeiçoamento em Comunicação, Cultura e Arte (CIACC), pólo de pesquisa nos moldes do CIESPAL (Centro Internacional de Educacción Superior de Periodistas para América Latina), mas tudo só seria possível com uma mudança de sede. Segundo a professora, o recém criado mestrado em Comunicação Social também estaria em jogo, visto que ele passará por sua primeira avaliação perante o Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) em 2009 e poderia ser reprovado nas atuais instalações.

Após se queixar de não ter ouvido nenhuma opinião positiva sobre o projeto em uma hora de debate, Márcia explicitou os fatores políticos que o tema envolve, destacando que, em todo o seu tempo no curso de Comunicação Social, nunca havia visto tantos recursos. Ela caracterizou como uma “briga de foice” a disputa por verbas entre os vários cursos e afirmou repetidamente que seu apoio ao projeto não era movido por interesses pessoais, pois não tem a intenção de se candidatar à diretoria do conselho que vai reger o ICCA, cargo que cabe ao curso de Comunicação Social. A professora mencionou sua atuação de 25 anos no curso e no movimento de rádios comunitárias para garantir que não arriscaria sua reputação e sua carreira acadêmica por um projeto no qual não acreditasse. Ela chegou a afirmar que se demitiria, caso os estudantes se opusessem formalmente ao ICCA, divulgando tal posicionamento fora da universidade: “A roupa suja a gente lava em casa”, recomendou.

Muitos estudantes retomaram a palavra para reafirmar sua confiança no Departamento, mas sustentaram as críticas colocadas anteriormente e exigiram que mais informações das instâncias superiores da universidade lhes fossem repassadas, de modo a permitir firmar uma posição própria. Márcia prometeu tentar intermediar uma reunião no próprio DA com o pró-reitor de Graduação e tutor do ICCA, Custódio Almeida, e garantiu que o curso terá direito a enviar representação estudantil às reuniões de constituição do projeto, que estão ocorrendo todas as quintas-feiras, às 15h, na Pró-Reitoria de Graduação, que fica no Campus do Pici. Geimison (3J), que já esteve presente na reunião da semana passada, deve continuar a representar o curso, divulgando as decisões tomadas e inserindo as preocupações estudantis na pauta das discussões. Enquanto a conversa com Custódio não acontecer, o representante se absterá das votações, já que o curso ainda não decidiu sua posição em relação ao tema.

Como lembrou Thiago “Zé” Rodrigues, é importante que os estudantes se mantenham informados e repassem informações a seus colegas. O Jabá tem procurado, desde o início, democratizar as informações sobre o projeto e está aberto a quem quiser colaborar.

sábado, 5 de abril de 2008

QUESTÕES À-TOA...

Bom, todos — os que nos representam e têm a responsabilidade de fazê-lo da melhor forma possível —, todos decidiram: vamos nós para o quintal do Zé D’alencar, nas Messejanas, bairro cujo índice de infestação do tal mosquito que vem botando quente no RJ atingiu patamares assustadores. Todos implica: nós, jornalistas e publicitários; eles, demais cursos (estilismo & moda, música, audiovisual, artes cênicas etc.). Foi assim: reuniram-se no Palácio do Reitor e acharam por bem levar adiante o mega-ultra-multiprojeto que, de tão acanhado, prevê: teatro pra mil e tantas pessoas; sets de filmagens que farão inveja aos de Hollywood; estúdios cujas estruturas, cujos equipamentos, cuja área enfim: cujo custo gira em torno de cifras altíssimas, estratosfericamente inconcebíveis. E mais tanta coisa boa pra tanta gente ao mesmo tempo e lugar que, meu Deus, cabe perguntar, temos a obrigação e mesmo decência de querer saber: vai ter dinheiro pra erguer esse colosso da pesquisa internacional, esse centro desmedido e desmesuradamente de ponta na comunicação, no estilismo, na dança, no teatro, no cinema, nas artes de modo geralíssimo? Dizem que sim. Eu duvido. Eles não só acreditam: eles querem acreditar. Palavra do Reitor. Amém.

Pois bem. Nossos professores fizeram o mesmo: reuniram-se no departamento e lançaram, sem mais nem menos, como se estivessem à mesa do bar, a nossa sorte em direção ao Cambeba, às tapioqueiras, ao Beast Park. Pois bem. No dia seguinte, tomamos conhecimento: sobrancelhas arqueadas, caras assustadas e a desconcertante frase: “Não estarei mais aqui mesmo”. A gente se assusta com essas coisas todas, professores deslumbrados com infinitos zeros (são CENTO E VINTE MILHÕES DE REAIS!!!) e alunos se resignando quando deveriam sair às ruas, com ou sem panelas, e dizer: NÃO AO PROJETO ou SIM AO PROJETO. Mas dizer. O que fosse, mas dizer. Sim ou não, mas dizer qualquer coisa exceto: eu não vou estar mais aqui mesmo. Qual nada, voltam pra casa tranqüilos e satisfeitos e distantes afinal de qualquer querela infanto-juvenil que esteja sendo forjada contra a transferência de um curso quarentão para os confins da Fortaleza sob a marmotosa e abestalhada pra não dizer idiota e inconsistente desculpa: a cidade se expande pros lados de lá, o Alagadiço tem o metro quadrado mais caro da Loura desposada pelo astro-rei. Qual nada. Calam-se. Amém também.

Ok, ok... Agora vêm as perguntinhas sem graça. Primeiro: por que o curso de comunicação social tem de integrar o ICCA (Instituto de Cultura, Comunicação e Arte ou qualquer coisa parecida com isso)? Porque, eles dizem, o dinheiro é suficiente para replicar uma unidade da Nasa aqui. É o dobro do que seria disponibilizado caso o instituto fosse construído no Pici ou mesmo no Benfica. Desse modo pragmático, abandonaram-se os projetos de construção do instituto em metros quadrados mais plebeus. Professores que participaram da reunião no departamento garantem não ter havido muita resistência ao projeto (que, na verdade, na verdade não é um projeto, mas apenas a palavra supostamente afiançada do Reitor ou, quem sabe, um fio do seu bigode). A enormidade das cifras havia minado qualquer possibilidade de debate — e aqui se encontra o grande erro dos professores: não debater o projeto porque afinal a cavalo dado não se olham os dentes. Em conversa com a coordenadora do estilismo & moda, perguntou-se quanto do montante viria parar nos cofres estilosos do curso. Ela disse não saber, que sequer tinha conhecimento do valor total da verba mas que, ora bolas, não ia perder essa oportunidade nunquinha. De modo que os docentes que não concordavam com a mudança foram prontamente convencidos, viram-se sem palavras diante de tantas promessas e mesmo sem graça, amarelecidos de vergonha. E, fico pensando, quiseram evitar o desgaste que é se contrapor a algo que promete (só promete) trazer tanta coisa boa pra todos nós.

Mas aí vêm outras perguntas não menos irrespondíveis: não indo para o quintal do Zé D’alencar, o que perdemos todos? A verba só é liberada para os que vão? E quanto aos que resolveram (caso da arquitetura) e aos que resolverem ficar, como fica? E o que se fez do projeto de construção do ICCA no próprio Benfica? E afinal a pergunta de um milhão de dólares (abaixo, obviamente, dos 120 milhões de reais sonhados): mesmo com tantos benefícios, por que não ficar no Benfica?!

Motivos não faltam. É central (fica a dois passos do Centro, o metro quadrado mais valorizado culturalmente de Fortaleza e a alguns dos bairros, seja Messejana ou Conjunto Ceará). Está integrado aos demais cursos das humanidades (ciências sociais, filosofia, letras, direito, pedagogia e aos cursos da Feacs e aos do Pici). Quer queiram ou não, existe um arremedo de corredor cultural no Benfica, que há quarenta anos abriga os campi das humanidades. Casas de Cultura, MAUC, Casa Amarela, Rádio Universitária, jornais impressos de um modo geral (O Povo e Diário do Nordeste). E a memória, a riqueza imaterial, a história de um curso de jornalismo e publicidade que criou naquelas bandas, nutrindo-se de sua vida social, cultural e política, varando madrugadas nas ruas do bairro, alimentando-se do seu entorno, que criou enfim vínculos que são por demais caros, para não dizer inegociáveis. E agora vêm nossos queridos mestres nos dizer que podemos nos mudar que nada nos fará falta na longínqua e alheia Messejana? Que podemos trocar tudo isso por prédios novos, equipamentos tinindo e um grande teatro? Que devemos fazer isso porque a cidade está crescendo pra lá, porque temos de contribuir para o desenvolvimento social e econômico do Estado? É difícil engolir tanta desculpa esfarrapada, tanta promessa absurda e tanto desrespeito à memória coletiva e ao patrimônio imaterial da imprensa cearense.

De tudo isso, fica-se com a impressão inescapável: os docentes assim procederam porque se deslumbraram (essa é a palavra exata pra definir a situação: deslumbre) com as promessas de um reitor metido a JK, que quer, a qualquer preço, crescer 50 anos em 5, que atropela a comunidade universitária e toma decisões arbitrárias sem consulta prévia (caso do Reuni e, agora, do ICCA). Que, finalmente, sofre de uma síndrome de faraó. Que mobiliza cursos sem apresentar um projeto minimamente decente a partir do qual se possa discutir qualquer coisa e só então decidir se a construção do instituto é boa ou não para todos nós.

Finalizando. Terça-feira que vem tem conversa com a chefe de departamento do curso de comunicação social. Esperemos pra ver qual é. Mas fico angustiado: nos darão alguma coisa além dos argumentos tão sólidos quanto gelatina que, até agora, vêm pontuando esse debate? Acho difícil. Mas não custa esperar.
Enquanto isso, os estudantes têm a obrigação de fazer alguma coisa. Qualquer coisa. Ocupar a reitoria? Não. Afinal, o “sim” foi uma decisão doméstica, não tem nada que ver com o reitor. Quer dizer, o processo foi atropelado etc., pouco ou quase nada democrático (deixo claro que não espero nunca democracia dessa instituição, apenas decisões tomadas com base numa fisiológica e no jogo de interesses, tal e qual é a política neste País). Bom, vejamos... Quarta-feira tem assembléia dos estudantes da comunicação. As questões, mesmo as mais prosaicas, estão postas.